Estamos acostumados a ver casais o tempo todo. Temos vários amigos que estão namorando, casados, com filhos, com cachorros, com móveis pagos à prestação. Um quase sempre vem acompanhado do outro. No maior estilo a/o ‘Sandy e Junior’ de ser. E, de repente, é surpresa quando um deles aparece sozinho, com aparência diferente. Por um segundo o seu cérebro questiona o que está errado e aí fica claro que a estranheza está na ausência de quem, desde que você consegue lembrar, sempre esteve ali, ao lado daquela pessoa. Agora miúda. E um pouco deslocada. Tínhamos esquecido como era vê-la por inteiro sem uma continuação, ao seu lado, para acompanha-la.
Eu queria saber quando ficou acordado que tem de nascer uma nova pessoa, resultado da soma dos dois, quando se começa uma relação. Apesar de achar linda a cumplicidade e os dialetos particulares de cada casal, eu sinto pelo que se perde quando se cortam as aparas daquilo que ‘sobra’. Será que não é possível se manter fiel ao que se é, independentemente de quem se escolheu para caminhar ao nosso lado? Será que essa pessoa precisa, mesmo, estar sempre andando na mesma direção? Eu acho que não. Mas, se convencionou que fosse dessa forma.
O bom é que não é preciso viver nas convenções. Lembra daquele ditado sobre ninguém pagar as tuas contas? Exatamente. Não é necessário dar satisfação para o mundo. Passar recibo do que acontece dentro do seu quadrado. Eu não estou dizendo que essas pessoas estão erradas. Não. Todo mundo tem que fazer o que acha melhor para si. Mas, vejo muita gente que não se encaixa e que, por falta de opção, de abertura, de conversa e por sobra de julgamentos, tenta se adequar ao que é comum. E faço questão de usar a palavra comum ao invés de normal. Não é certo confundir os dois. É perfeitamente normal querer se manter completo, com suas manias, suas imperfeições, desejos e com tudo aquilo que faz você ser quem é. E, ainda assim, estar aberto a dividir parte da sua vida com o outro. Respeitando o fato de ele ser diferente, nem pior e nem melhor do que você.
Então, se está passando por uma situação parecida, em que se vê como parte de algo com o qual não concorda, sempre é tempo de se acertar. Se pergunta o que está faltando. Muitas vezes, o que achamos ser desgaste em uma relação, é apenas o nosso ‘eu’ pedindo espaço. Ele quer se mostrar, te lembrar como é fazer o que você quer. Pode ser que esse chamado pessoal venha a ruir o que você está vivendo agora, ao lado de alguém. Mas, pode ser que vocês acabem descobrindo uma nova forma de se amar. Algo livre da pressão de ser comum. E, se não der certo, tudo bem. A vida está aí com outras milhões de possibilidades para você ser feliz e estar em paz consigo. O importante é se manter fiel a quem você é.
