De todas as verdades adstringentes da vida, talvez seja essa a mais intragável: Você vai perder as pessoas.
Cedo ou tarde, de um jeito ou de outro, você perderá.
A pessoa que você ama pode, amanhã mesmo, resolver que já não quer estar ao seu lado – e, considerando que, ao menos teoricamente, vivemos em uma sociedade livre, você não poderá fazer nada a respeito.
A única maneira de manter alguém por perto é fazer com que esse alguém queira estar por perto – e isso, sejamos honestos, nem sempre está ao nosso alcance. O amor é isso, disse Drummond, “hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será”.
O amor não tem garantias porque, felizmente, não é um contrato.
Mesmo com todas as juras de amor eterno – que são lindíssimas, e por favor, não parem nunca! – você perderá quem você ama porque quem você ama pode, inclusive, perder-se de si mesmo.
Por mais cruel que seja admitir isso, você pode acordar num dia qualquer e se dar conta de que a pessoa amada já não existe, tornou-se outra coisa, rendeu-se ao balanço da vida e se metamorfoseou. A pessoa que você ama, você constatará, está morta – nasceu uma nova pessoa que você terá que aprender a amar, ou não.
Novamente, o que se pode fazer a respeito a não ser aceitar o outro como ele é e o que ele decide se tornar?
E ainda que qualquer jura de amor eterno seja capaz de se cumprir, há a morte – de modo que, a despeito das eternidades, você perderá quem você ama mesmo que no fim de tudo, mesmo que apenas por um evento inevitável.
Em qualquer das hipóteses, você perderá quem ama porque, por mais que a humanidade insista, seres humanos não podem pertencer uns aos outros.
Você perderá as pessoas porque, inevitavelmente, você não pode possuí-las.
