• Só o amor escuta o silêncio
  • Só o amor escuta o silêncio


    Às vezes o silêncio é de uma covardia óbvia, mas às vezes é pura coragem: calar, quando realmente se quer gritar, na esperança de se poupar da dor – spoiler: numa alma trancada, a dor só se concentra (e em poucos minutos cheira mal).

    Às vezes o silêncio é altruísmo: calar-se para evitar dizer o que o outro não precisa ou não merece escutar.

    A gente se conhece: melhor não dizer nada quando não se pode saber exatamente até onde se vai, porque palavras são facas afiadíssimas, tapas no ar, com toda a força, esperando para serem disparados.

    Calar para não ferir é nobre, mas raro.

    Os silêncios mais barulhentos que conheci – e fiz – foram silêncios de medo. Medo da resposta. Pior: medo da falta de resposta. Às vezes, acredite, somos tão mesquinhos que faz-se silêncio por medo do silêncio. Por medo de arruinar todas as possibilidades com um barulho ensurdecedor ou simplesmente por vontade de guardar o grito pra outra hora, uma hora qualquer em que se esteja mais disposto. Gritar dá trabalho.

    Todos os meus silêncios, sobretudo, foram silêncios de recolhimento, de respeito próprio, de vontade – antes disso, necessidade – de reintegrar-me a alma. O silêncio é necessário para muitas coisas, mas sobretudo quando não se pode lidar com o barulho.

    De qualquer modo, o silêncio é, quase sempre, uma forma de comunicar – tão ou mais eloquente que o próprio discurso. Silenciar é salutar e saber ouvir o silêncio exige uma sensibilidade raríssima na geração dos tiques azuis e das respostas imediatas.

    Todo grito se faz ouvir de longe, mas só o amor escuta o silêncio.

    ass_nathmacedo


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