A solidão e a carência frequentemente pregam peças enormes no coração da gente. Em um mundo de pessoas desapegadas, relacionamentos voláteis e amores efêmeros tudo o que se precisa para mascarar uma realidade é de uma meia ilusão para fazer de abrigo. O mínimo que seja de atenção, retorno e cuidado pode ser o suficiente para aprisionar por semanas, meses e até mesmo anos alguém que até então estava desacreditado do amor. A questão é que não fomos feitos para migalhas quando se tem todo um banquete a nossa espera dando sopa no mundo lá fora. Se ele (a) não está “pronto para namorar” o problema é dele, você está. E é isso e somente isso que importa.
Depois de tanto tempo sozinha parece uma chance única, certo?! Alguém que eventualmente manda mensagens amorosas de bom dia no aplicativo, semana sim, semana não te convida para um cinema, que remarca o jantar a dois porque precisa fazer companhia para o irmão doente no sábado à noite.
Definitivamente, uma pessoa especial, carinhosa, íntegra igual a nenhuma outra e que merece toda a sua dedicação. Só que não. Tão fácil quanto inventar uma mentira deslavada e decorá-la com lágrimas forjadas é encontrar uma alma solitária para comprá-la.
As frustrações que acumulamos ao longo da travessia apesar de nos deixarem mais fortes, muitas vezes também nos deixam mais susceptíveis a levar gato por lebre. Isso porque depois de tanto cair no mesmo buraco a gente acaba acreditando que o problema é apenas o condutor e a não a via que não é segura.
Endurecemos tanto que não vislumbramos o obstáculo?
Amolecemos então. Quase um efeito rebote que consequentemente testa a nossa capacidade de olhar para o outro com menos rigor e mais amor. Lindo seria se todo mundo recebesse essa entrega com reciprocidade. Como na maioria das situações não é isso queacontece somos mantidos em gaiolas abertas, alimentados por grãos que não existem.
Ele muito provavelmente está sim pronto para ficar, namorar, casar, sossegar, só não é com você. E ele vai sustentar os encontros espaçados, as flores que se desculpam pelo sumiço anterior e os telefonemas inesperados de boa noite até encontrar alguém que roube a sua total atenção. É difícil assimilar e assumir que fomos tão somente mais um caso perdido no meio do caminho, mas é preciso. Pela nossa autoestima, nosso livre arbítrio, nosso amor próprio é preciso se libertar de pessoas que não estão dispostas a corresponder à nossa reciprocidade. O que tem que ser tem força demais, assim como aquelas coisas que simplesmente não têm que acontecer. Aceita, abraça e segue. Que seja só.
As pessoas têm o direito de não se interessarem por quem somos. Pode ser que o descompasso não seja percebido à primeira vista e a outra metade se dê um tempo maior para tentar se encaixar naquela vivência, mas a gente sabe quando alguém está se esforçando para recolocar uma rolha expandida no gargalo de um vinho aberto. Amor não floresce sob pressão. Se o outro não sabe sair com delicadeza, saiba você a hora certa de prosseguir adiante. Insistir em permanecer em uma “pseudo-relação” seja por qual for o motivo é desgaste de tempo, vida e sentimentos desnecessários.
Se ele não quer nada agora, muito provavelmente também não vai vingar amanhã. Tá tudo bem. Ele não é a última pessoa do mundo. Mas, você é única. Nunca se esqueça disso. Somos infinitos demais para sermos feitos de desculpas e não de beijos.