Por que sempre buscamos amores impossíveis? Aquele que não te deu bola, o que te trocou por outro (a), o que não quis reatar. Por que sucessivamente alimentamos uma esperança imaginária, inventamos justificativas para os silêncios e criamos expectativas perante um simples SMS? Por que nos agarramos a um passado sofrido, que não deu certo, ao invés de construirmos um futuro com mais sorrisos? Por que nos enganamos tanto enquanto o mundo lá fora está recheado de pessoas disponíveis apenas a espera de um encontro, um acaso, uma sorte?!
Não sei. Acho que no fundo esperamos ser amados com tanta verdade e intensidade a ponto do outro abandonar todas as suas certezas para embarcar nessa jornada louca que é a vida ao nosso lado. Ou assistimos a tanta Sessão da Tarde que de repente aquelas reviravoltas bizarras começaram a fazer algum sentido. Acontece que elas de fato são reais, mas com as pessoas certas, aquelas que têm que ser, não com qualquer um que cruza o nosso caminho. Se apegar ao mínimo, ao que já foi, ao que nunca será nosso além de perda de tempo é desgaste emocional desnecessário.
Tem gente que parece sentir prazer no sofrimento. Em ficar lamentando por um amor não correspondido, em correr atrás de pessoas que não estão acessíveis ou ainda em ficar mendigando atenção de ex que já seguiu em frente faz tempo. A pessoa já deixou claro que não está interessado naquilo que temos a oferecer, mas mesmo assim continuamos com aquele brilho no olhar de quem espera por uma mudança brusca na previsão do tempo. Precisamos urgentemente aprender que não é não. Uma flor no muro não significa primavera, um farelo de pão não é sinônimo de banquete e, definitivamente, uma mensagem de madrugada não quer dizer que o outro estava perdido de saudade de você (entendeu?!).
Falta pé no chão e coração tranquilo quando falamos de amor. Sentimento foi feito pra gente se entregar mesmo, mergulhar de cabeça e se embriagar com vontade até a última gota desse copo. Mas, o nosso porre de amor termina onde começa o limite individual do outro. Por que gastar energia, lágrimas, noites em claro e neurônios tentando encontrar a mensagem subliminar por trás daquele emoji de beijinho, quando já ficou clara a falta de reciprocidade da outra parte?! Sofremos por não conseguir aquilo que queremos, quando na grande maioria das vezes nós é que cismamos com essas metas intangíveis.
Medo, carência, solidão, ego, seja qual for a razão pela qual nutrimos um amor improvável é preciso deixar essas fragilidades de lado e amadurecer. Realinhar nossos anseios com aquilo que o universo tem para nos presentear. Pirraça só combina com criança que não entende bem essa coisa complexa que é querer ter, mas não poder. Se descabelar, chorar, ficar na barra da saia da mãe até que ela compre o brinquedo novo não vai fazê-la mudar de ideia. O que não ficou não era para ficar.
Aceita, desapega e abra seu coração para que novas oportunidades possam criar abrigo na sua tranquilidade. Acima de tudo: saiba do seu valor. Amar não tem que ser difícil, não pode ser um eterno malabarismo, muito menos pode fazer a gente chorar, o nome disso é cebola. E mesmo assim se o olho arde demais na hora de fatiar eu troco logo por um alho ou algo igualmente saboroso. Tempero tem-se aos montes, a gente só precisa parar de insistir nos mesmos de sempre e se abrir para o novo. Experimenta um açafrão, quem sabe você toma gosto.