Noutro dia me perguntaram o que eu faria caso um dia a gente terminasse, caso um dia você virasse as costas e fosse embora. Perguntaram também se eu conseguiria te enxergar com outra pessoa sem morrer de raiva, sem roer as unhas, sem me entupir de café o tempo todo pra aliviar a angústia.
É claro que eu conseguiria.
A gente tem um costume doido de tratar quem ama como propriedade, como se eu fosse a pista e você o avião. Como se tivesse que ser comigo e ponto final. É a parte egoísta do tal do amor, dizem. É ser humano demais, dizem. É essa coisa de não saber o que fazer quando o amor da tua vida não pode mais ser feliz com você. Mas eu te amo, né, fazer o quê?
Se você fosse embora agora mesmo, por alguma razão doida do universo que mostrasse que não é pra gente ser, que você não consegue mais comigo, eu ficaria triste. Ficaria. Não entenderia muito bem a sua escolha, talvez ficasse desesperado e voltasse pra casa dos meus pais, talvez ficasse desolado lá em casa mesmo. Mas eu nunca, jamais, nunquinha mesmo deixaria de querer te ver feliz.
É que o mundo é um lugar melhor com você feliz. O mundo é mais bonito com você sorrindo, com você gargalhando no meio de um filme de terror, com gente tacando pipoca pra você calar a boca. O mundo é mais agradável com o café que você passa toda manhã e com a tua mania de se espreguiçar e quebrar uma lâmpada toda santa quarta-feira. O mundo é mais colorido quando os seus amigos falam que você é a melhor pessoa da vida deles – por coincidência, você também é a melhor pessoa da minha vida.
Então, por que cargas d’água, eu vou querer ver mal alguém que eu amo? Amor não prende ninguém em correntes atadas a outro alguém. Eu prefiro que você fique até o momento em que te faça bem. Depois disso, você tem mesmo é que partir. Tem mesmo é que ser feliz. Tem mesmo que fazer o mundo um lugar melhor sendo feliz – mesmo que não seja comigo.
