• Me deixa alcançar seu coração
  • Me deixa alcançar seu coração


    Despidos, sem disfarces, com a luz fraca do abajur sobre o corpo, a pele contrastando nos lençóis vagabundos e ante ao total despudor de mostrar-se por completo, somos lindos assim.

    Mas, não é da falta de roupas e vergonha que quero te falar hoje amor. É que por mais que vivamos “pelados e nus com a mão no bolso”, como diz a música, tenho a sensação de que estamos sempre encobertos. Em meio à tanta pele mostrada à valer, ainda nos escondemos por trás de capas imaginárias, presumindo com isso ganhar alguma privacidade e proteção. Atuamos, mascaramos sentimentos e sensações. Somos hábeis em esconder o que realmente deveria ficar evidente, o avesso e o arquivo de pequenezas que nos formam.

    Sabe, dentre todas, a nudez mais bonita é a de alma. A entrega sem maquiagem no próprio caráter, a história brotando nos olhos, as cicatrizes da vida deixando-se revelar e os segredos sendo jogados na mesinha de centro. É sobre isso que quero conversar.

    Porque somos lindos quando não temos medo de mostrar o rosto, de assumir cabelos e casos ou de desnudar-se do ego que mata o amor devagar. Essa beleza, de corações batendo à mostra nos fragiliza um pouco, eu sei, mas também nos permite a intimidade. Não conseguimos alcançá-la sem mostrar a crueza do eu interior e muito menos sem revelar o que vai quieto nos cantinhos reclusos da mente.

    É preciso muito mais que roupas caindo no chão, do que lingeries à vista ou corpos expostos, é preciso ficar nu ante a quem se ama, é preciso se deixar enxergar, tocar e alcançar. Sem reservas. Sem egoísmo. Sem tanto auto-julgamento. É neste ato de total rendição que melhor aparentamos, tanto interna quanto externamente. Somos perfeitos assim, com cada milímetro da personalidade transparecendo.

    Essa é a nudez de que o mundo mais carece, não a que revela curvas e músculos trabalhados, mas sim aquela que expõe o que vai por trás dos olhos marejados, do sorriso largo e da rotina veloz. Temos urgência, cada vez maior pelo descortinar de sentimentos.

    Acredite meu bem, quando te peço para despir-se quero enxergá-lo além, quero descobri-lo e desvendá-lo. Não tenha pudor comigo, não há vulnerabilidade neste ato, tampouco desproteção. É apenas de encontro que te falo, de um conversar que só pode ser alcançado sem as armaduras usadas no dia-a-dia e que tanto nos afastam uns dos outros.

    Portanto, quando eu te olhar fundo nos olhos, por favor não hesite em deixar-se mostrar. Cada palmo seu, cada pedacinho e linha que te constrói. Me deixa te tocar aonde a mão não alcança, me deixa te ver por baixo do linho, do algodão, da derme e epiderme. Me deixa meu amor, te alcançar o coração.

    loui


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