Há quem diga que a pressa moderna tem assassinado, sem dó, os verdadeiros prazeres da vida.
Por preguiça de preparar uma refeição decente ou pela fome que já não pode esperar, nos saciamos em qualquer fast-food mal feito. Somos a geração que tem uma fome avassaladora e nenhuma vontade de buscar o que realmente nos alimente.
Frequentemente, transpomos essa fome preguiçosa e flagrante para as nossas relações amorosas. Nos damos a amores ligeiros, superficiais, tão intensos quanto passageiros, que se desmancham como fumaça antes mesmo de nos satisfazerem de fato. Nos damos muito fácil aos amores fast-food.
Temos nos contentado com o raso. Conhecer alguém a fundo parece ter perdido o sentido. Nesses tempos em que refeições rápidas são oferecidas a prato pleno, dar-se ao trabalho de construir algo que realmente nos apeteça caiu de moda.
Essa geração quer muitas bocas, muitas vozes, muitos corpos, muitas paixões avassaladoras e poucos amores genuínos – daqueles que precisamos cultivar pacientemente.
Queremos muitos hambúrgueres rápidos e gordurosos e menos pratos caseiros e saudáveis – daqueles que precisamos empenhar tempo em preparar.
De vez em quando, é claro, a gente só quer matar a fome. Serve um fast-food no final da festa ou um amor efêmero que nos preencha por algumas horas.
Mas é chegada a hora em que precisamos preparar o nosso próprio alimento. E nos livrar dessa mania moderna de querer tudo e imediatamente. Esperar o almoço ficar pronto e se deliciar com um sabor original.
Parece piegas, mas trocar os prazeres passageiros pelos amores realmente nutritivos é salutar.
Não preciso de uma refeição rápida para me saciar e descartar em seguida. Quero o profundo, o que não se pode consumir com tanta pressa, o que leva tempo, o que exige paciência. Troco as caixinhas de comida congelada pelo sabor de lar que só as refeições demoradas proporcionam. Quero corpo e alma.
Em termos de amor, sim, eu sou da geração gourmet.