• Quando você deixa quem  ama pra depois do carnaval
  • Quando você deixa quem


    ama pra depois do carnaval


    Início de ano é marcado sempre pelas mesmas expressões populares de ressaca do fim do ano passado. Dentre essas expressões, o fato da gente “deixar pra depois do carnaval” é algo que me chama bastante a atenção. Ora, Cara Pálida, não é só um resquício de preguiça e da nossa mania constante de procrastinar a vida. Nananinanão. É mais sério do que isso.

    Vejo aos montes gente que está quase engatando num relacionamento dizendo isso. Deixa pra depois do carnaval. Parece óbvio o motivo da escolha de postergar o romance, não é? O tal ser humano quer curtir a liberdade dele, quer se jogar na folia, quer beijar tanta gente que não vai dar pra contar só com três dígitos. Quer encher a cara numa viagem com os amigos pra algum interior badalado e sem limites. Quer fazer um auê, fazer festa lá no meu apê, com bundalelê e o que mais tiver direito. Só não quer dar o próximo passo com a pessoa que ele(a) diz gostar.

    Nunca entendi essa ideia de que ter um relacionamento significa que que você tem que abdicar de coisas que faria “caso estivesse livre”. Principalmente quando você já está semi-engatado em algo e prefere ir deixando pra amanhã, deixando pra depois, deixando pra depois do carnaval, sempre depois. Relacionamento nenhum dá certo quando a gente já internaliza a ideia de que o outro só pode vir depois que a gente aproveitou a vida, como se ele/ela não pudesse fazer parte dos nossos planos de liberdade.

    Se você não consegue se ver vivendo e tendo prazer, sendo feliz, aproveitando a vida a dois em momentos como o carnaval, ou as férias, ou os passeios com amigos, talvez você não esteja preparado pra isso. Talvez você não deva nem deixar pra depois do carnaval, deva deixar pra lá. Se o seu tipo de amor só existe num período recortado do ano, quem garante que ele vá sobreviver nos períodos picotados, complicados, marginalizados e com pouca luz das estradas que todos nós passamos com alguém? Amor não tem hora certa pra acontecer. Você não interrompe algo, dá uma pausa e volta quando estiver mais confortável. Ou vai, ou esquece isso.

    Relacionamento nenhum deve ser encarado como fardo. Se ele já começa assim, pensando sobre as privações, as coisas que você deixará de fazer, as pessoas com quem você deixará de estar, e você prefere loucamente a opção de vida em que a pessoa que você diz gostar não está, você já tem uma resposta. Caso contrário, caso você não se importe com datas marcadas em calendários e feriados numa folha de papel, caso você tenha certeza do que sente (e por quem sente), deixo uma música da Pitty que resume bem o meu conselho: não deixe nada pra semana que vem, porque semana que vem pode nem chegar.

    daniel


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