• O amor é outra coisa
  • O amor é outra coisa


    Se apaixonar é um barato. A paixão é o tipo de sentimento que nos tira do chão por intermináveis segundos, que no faz enxergar o mundo inteiro num sorriso. É o sentimento que nos deixa meio idiotas, meio vulneráveis, meio confusos, meio desatentos, e completamente felizes, é verdade.

    Não há nenhum problema em se entregar a essa euforia psicótica chamada paixão. E passar uns meses sorrindo sem fim, com vontade de abraçar meia dúzia de árvores e brindar à vida em plena segunda-feira. Aliás, o que seria do mundo – esse lugar estranho infestado de loucos – se a gente não pudesse, vez ou outra, viver a delícia de se apaixonar?

    Mas é que chega uma hora que isso tudo deixa de ser suficiente. Os hormônios se acalmam, a cama esfria, o sorriso do outro vai deixando, pouco a pouco, de nos resgatar nos nossos pequenos infernos particulares. É hora de dividir a rotina. E, nessa hora, é preciso de um pouco mais que pele, que vontade, que admiração desmedida. É preciso compreensão. Bom senso. É preciso que se tire os sapatos pra pisar no mundo do outro.

    E aí eu digo que a gente não pode chamar de amor esse sentimento tão bonito e avassalador, mesmo que ele nos pareça tão digno. A gente não pode achar que ama só porque o coração dispara e as pernas tremem quando a gente encontra o outro.

    O amor é mais que isso. É mais intenso, é mais complexo. O amor é aquilo que surge e aumenta um pouquinho a cada vez que o outro te compreende num dia difícil. Cada vez que perdoa um deslize, que respeita uma opinião contrária, que atura uma monótona reunião de família.

    O amor é aquilo que se torna mais bonito a cada dia em que se busca compreender um pouco mais da essência do outro. É aquilo que faz algo em você florescer quando o outro te liga pra saber se está tudo bem, quando acorda mais cedo e põe a música baixinha pra não incomodar o seu sono, quando se neutraliza diante de um posicionamento seu pela simples certeza de que amar é estar a vontade. É poder ser quem se é.

    O amor é cotidiano. São as virtudes descobertas, os defeitos compreendidos, os erros perdoados. O amor é um abraço num dia conturbado. É um elogio com unhas mal feitas. O amor é o que se constrói, degrau a degrau, abraço a abraço, perrengue a perrengue. O resto, sempre e irremediavelmente, passa. O amor, no fim das contas, é o que fica.

    ass-nathalie


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