Tem uma porção de coisas que ninguém te ensina sobre a vida e relacionamentos. Na maioria das vezes aprendemos da pior forma – errando. Errar dói, causa culpa, sentimentos de “e se”, machuca, faz chorar. Mas os erros são os melhores professores para quem estiver atento.
Tem gente que vai comemorar 50 anos de casados e talvez nunca tenham sido íntimos, mas outras pessoas vão se tornar íntimas com poucos encontros e sem a menor pretensão de que fosse algo a mais.
Pode parecer a fórmula do sucesso absoluto ser íntimo de quem se ama. Quer dizer que vocês têm sim aquele encaixe gostoso na cama e de bocas. Quer dizer sim que vocês se conhecem tão bem que podem até antecipar os pensamentos um do outro e completar frases.
Vocês percebem que não precisam mais fazer o que não gostam. Você pode falar para a pessoa que não gosta de sertanejo e não quer dançar aquela música. Você pode colocar naquele programa zoado de TV sem medo. Você perde aquela besteira mental de que porque é sexta ou sábado a noite tem que sair ou fazer algo, e diz sem preocupações que prefere ficar de preguiça em casa jogando.
Tudo parece ainda melhor quando percebe que a parceria é tão real que ao ser 100% você, sem ter que provar nada para ninguém ou para o seu próprio eu, descobre que ela também não gosta de sertanejo, que ela é fã dos programas estranhos e que para ela também faz todo o sentido um fim de semana com pijamas, pantufas e conversa jogada fora.
Mas não é à toa que existe um clichê dito por aí que costuma estar certo: tudo em excesso faz mal. Com intimidade não é diferente. No excesso de intimidade reside o perigo do conforto acomodado. O que pode ser a melhor qualidade do seu relacionamento também pode se tornar a pior coisa a longo prazo. Intimidade é algo poderoso e, como diria o sábio tio Ben de Homem-Aranha, “grandes poderes vem com grandes responsabilidades”.
Pessoas íntimas demais que não estão avisadas uma hora param de ter cuidado com as palavras escolhidas, param de tentar surpreender, de fazer coisas diferentes porque você simplesmente não precisa, de se sentir sortudo todos os dias, param de perceber o valor da calmaria e da tranquilidade, do pijama, das pantufas, da parceria real que vale mais a pena que prazeres rápidos e momentâneos.
De repente, a intimidade vira rotina e você pode começar a sentir necessidade de preencher as sextas e sábados novamente com novidades. E as novidades já não estão mais no outro, afinal, vocês são íntimos demais, portanto, vai parecer óbvio que a única solução para isso é sair de tudo o que você conhece a tempos e viver prazeres novos. E quando um dos dois no relacionamento sentir isso, pode ser tarde demais. Para o outro que entende o tesouro que tem em mãos, só resta se preparar para o que vai vir a seguir – que pode ser apenas uma conversa para acertar novamente os ponteiros até, infelizmente, o fim.
Ser íntimo é para poucos, perceber o valor disso é para menos pessoas ainda. Saber o que fazer com isso então é uma arte que exige vontade dos dois lados e por isso é tão difícil.
Não desista. Se você encontrou isso e perdeu vai dar medo de talvez nunca mais achar essa conexão, mas se der medo, vai assim mesmo. Uma hora o aperto no coração passa, a alma se abre novamente e sua intimidade vai estar pronta para achar a intimidade de outra pessoa.
