• Sobre amores-chuva-de-verão
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    Há não muito tempo, enquanto ia para o trabalho, fui pego de surpresa por uma chuva de verão. Mesmo que eu tivesse procurado um guarda-chuva – que repousava esquecido na minha cama, muito longe da mochila – não teria sucesso: sem aviso prévio nem memorando, fui banhado com outras dezenas de pessoas que não viam outra alternativa além de correr.

    Sabendo da força da água que caía (e, graças aos Mythbusters, que correr te deixa ainda mais molhado), continuei minha caminhada. Quase que no mesmo momento em que atingi meu destino, por ironia do destino, a chuva cessou. O Sol, que não havia me abandonado nem por um segundo, continuava brilhando, imponente.

    Antes mesmo da minha camisa começar a secar, percebi que esse acontecimento traduz muito bem um acontecimento na vida de todos nós: as pessoas chuvas de verão.

    Você acaba de se lembrar desse alguém. Que, sem nem pedir licença, apareceu na sua vida e decidiu acelerar seu coração. Pulou o flerte, o café, o almoço e o jantar para ir direto à sobremesa. Gente que tem os olhos ferinos, as mãos quentes e um sorriso fácil, de encantar qualquer um.

    Muitas vezes nós encaramos essas paixões breves, mas avassaladoras, como algo ruim. Somos criados para acreditar num único e grandioso amor, que irá nos trazer a felicidade eterna, como em um conto de fadas. Ao fim de cada um desses tórridos casos, então, nos vemos parados, com a roupa ensopada, achando que nada valeu a pena. Acabamos, assim, por esquecer que nós já fomos – ou ainda seremos – a chuva de verão de alguém.

    Mais do que isso: por puro devaneio, deixamos de apreciar a beleza que existe nas pequenas coisas. Entregamo-nos à inocência de acreditar que o tempo é o senhor de todas as coisas, e que apenas ele pode validar um sentimento verdadeiro. Com isso em mente, rogamos todas as pragas que conhecemos naqueles que ousam roubar nosso fôlego e nos deixar sem rumo, mesmo que por apenas alguns instantes.

    Que nós tenhamos mais carinho com as chuvas de verão que nos pegam sem guarda-chuva na mochila. Muitas vezes, recorreremos à lembrança delas para encontrar um pouco mais de beleza nas esquinas da vida. Mais do que isso: sem esse tipo de surpresa, continuaríamos nossos caminhos sem notar que chuva e Sol podem, sim, fazer uma ótima dupla.

    ass-post-lucas1


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