“João amava Teresa que amava Raimundo/que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili/que não amava ninguém.”
A vida é mesmo a Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade. Essa linha de desastres amorosos que acabam numa ladeira só. O que Teresa (e muita gente) não sabia é que ela podia sim amar o João, e que essa poesia podia ter um final mais feliz.
Teresa não sabia que o João ficava lá, achando que ela era a melhor coisa que tinham inventado desde o disk entrega. Para João,Teresa ficava até mais bonita sem o batom, achava que o seu sorriso imperfeito era mesmo interessante, e que seu cheiro lhe trazia conforto.
Teresa não sabia que as 10 chamadas perdidas de João eram só o desespero de um amor mal correspondido e não significavam que João iria sufocá-la se tivesse a oportunidade. Teresa não sabia que a única dor que João lhe causaria seria a de abraços muito apertados e alguns músculos doloridos, que melhor que ter uma música com alguém (que só era dela) era ter um filme preferido, uma piada e um cobertor.
Teresa não sabia que o João ficava lá morrendo aos poucos enquanto ela guardava o lugar pro Raimundo, mesmo sabendo que esse tal amava Maria que amava Joaquim que amava Lili. Teresa nem imaginava que até ela mesma torcia pro João, pra que ele agarrasse o coração dela e não a deixasse fugir nunca mais.
O que Teresa não sabia era como o “ser feliz” é muito fácil, que o amor é uma coisa que enraíza no peito e cresce aos poucos, não é como Hollywood ensina pra gente. É muito melhor, mais raro e duradouro. Não precisa deixar a carreira pra mudar de cidade, abandonar o noivo no altar, não requer uma declaração acalorada no aeroporto. Custa só um: “Vamos tentar ser a melhor versão da gente mesmo e ver no que isso vai dar”, um cuidado, um chamego, um afago.
Custa só deixar o João entrar na vida e ficar.
