Uma penca de textos sobre relacionamentos e vida a dois tem a tal junção de toalha molhada + em cima + da cama, já perceberam? Um pedaço de tecido acolchoado e encharcado sendo acusado o tempo inteiro de minar amores – até então, que fique claro – “indestrutíveis”.
É como se tudo corresse às mil maravilhas até que, num belo dia comum de céu azul, a toalha molhada surgisse sobre o leito, mais grave que uma traição carnal, ruindo sonhos e a harmonia da casa, destroçando as imagens rosáceas de uma perfeita vida em comum. Como é que pode? Pois é… Não pode. Papo chato e mais batido que milk-shake de Ovomaltine, desculpa dizer. Será mesmo que uma toalha úmida em cima da cama ou a tampa da privada levantada pode tirar literalmente o sossego de alguém que não seja a sua mãe? Isso mais parece com tarefa materna, a de patrulhar seu menininho levado que não aprende nunca, por mais que você repita todo santo dia a mesmíssima coisa! Cansativo pacas.
Homens precisam da tampa da privada erguida – fato 1. Mulheres precisam da tampa da privada abaixada – fato 2. E? … Pois é. E nada! Ter 3 irmãos homens-pithecanthropus me ensinou que tais batalhas são, de fato, perdidas. As tampas continuarão levantadas muito tempo depois que o Sol se apagar e a vida humana for dizimada, portanto, para que criar um ponto de conflito justo aí? Com a toalha molhada é a mesma coisa; deixa-a lá (desde que esteja encharcando e apodrecendo o lado dele do colchão, vamos esclarecer) e ocupe-se de coisas mais importantes para você. Quando ele for tomar banho outra vez e encontrar a toalha exatamente onde deixou, vai poder se gabar de ter uma mulher que não mexe nas coisas dele, olha só que maravilha! Depois de um zilhão de banhos com a toalha que mais molha do que seca, ele tomará a atitude de pendurá-la no varal, vai saber… Resta a esperança, não?
Que eu saiba, nos arquivos da justiça não deve existir um só processo de divórcio cujo réu seja a toalha molhada, esse inventado cavalo de batalha dos cônjuges, objeto abjeto de relacionamentos, capaz de estender a perna enquanto a felicidade baila distraída pelo lar só para vê-la se esborrachar no chão. Esqueça a toalha, pois não será ela o pivô da sua frustração pelo fim do que era para durar pra sempre.
Vale, sim, querer mais doçura, mais afeto, mais bom humor (por favor!), por mais parceria na vida a dois. Vale, sim, repetir muitas vezes eu te amo como café da manhã do coração. Vale, sim, desejar ver o outro florescer ao nosso lado, brotar em suas aptidões e talentos naturais. Vale aprender equilibrar o barulho e o silêncio, o abraçar e o afastar. Por isso tudo e mais um monte de benefícios é que vale muito a pena se apaixonar, se relacionar além do umbigo.
Quem faz queda de braço diária, discute sempre e atormenta o outro por uma toalha molhada ou uma tampa da privada levantada (ou por qualquer outro motivo pequeno) está precisando passar um tempo consigo mesmo para descobrir que só nos filmes o amor vem com script. Só que lá o beijo é técnico e sem graça… Vai querer?
