• Em que tipo de ser humano o  nosso ego nos transformou?
  • Em que tipo de ser humano o


    nosso ego nos transformou?


    Ninguém se importa com que roupa você foi à academia, com os ingredientes do seu jantar e muito menos se você pagou o aluguel em dia. Ninguém quer saber se você está triste, feliz, emocionado ou como está se sentindo de verdade. Cada vez mais, as pessoas gritam para serem ouvidas, mas não têm nada a dizer. Criam motivos para chamar a atenção, mas ultrapassam o senso do aceitável. Com exceção de amigos e parceiros, o mundo não está nem aí para o que você pensa.

    Nos últimos dias, acompanhamos a trágica morte do candidato à presidência, Eduardo Campos e, quase que simultaneamente à divulgação da notícia, uma infinidade de posts, fotos e memes circularam pelas redes sociais com o intuito de fazer humor. Esta necessidade em ser engraçado, cool, viral, custe o que custar, independentemente do motivo, transformou as pessoas em seres irracionais, sem um mínimo de caráter. Antes de abrir o Photoshop, alguém pensou que sete famílias estavam sofrendo com a perda de seus entes queridos? Que, por ser uma rede universal, provavelmente os parentes das vítimas veriam essas montagens de extremo mau gosto em suas timelines? Não só isso: morte não é – e nunca foi – um assunto para se fazer humor.

    Por coincidência, toda minha família e grandes amigos moram em Santos, em local muito próximo ao do acidente. E acredite: eu também recebi essas “brincadeiras” pelo whatsapp. Ninguém se importa com o sentimento dos outros, lembra? Afinal, o que leva alguém a compartilhar fotos de acidentes com vítimas fatais? Curiosidade mórbida? Ou só a vontade de parecer bem informado? De chamar a atenção? O conselho de nossas mães para sempre nos colocarmos no lugar do outro desapareceu junto com o bom senso das pessoas.

    A onda do #aftersex, em que casais, após a transa, tiravam uma foto para postar nas redes sociais comprova que não há limites para o exibicionismo desenfreado em troca de atenção. E o surgimento do Secret, aplicativo onde você pode falar mal (ou bem – mas ninguém fala bem) de qualquer pessoa esfrega na nossa cara o quão mesquinho o ser humano pode ser quando está protegido pelo anonimato.

    Eu não me excluo deste mundo moderno: também tiro selfies, faço check-ins desnecessários e quando a autoestima está baixa a vontade de postar uma foto no Instagram aumenta. Para mim, é válido, pois, nestes casos, não há prejudicados. Não há quebra de caráter nem humor fora de hora. Nem um ego que quer ser maior do que realmente é.

    Sou a favor da livre expressão, de dizer o que pensa nas redes sociais, de compartilhar bobagens que fazem rir por um momento, de páginas de humor legítimas e que não ofendam a honra de ninguém, de selfies e check-ins. Mas, na ânsia em ser maior, de querer chamar mais a atenção, você pode estar sendo pequeno demais.

    fernando


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