• O grande motivo pelo qual  as pessoas são “ruins de cama”
  • O grande motivo pelo qual


    as pessoas são “ruins de cama”


    Somos parte de uma multidão que, a cada série de supino, selfie no Instragram e fala no microfone do debate, mostra-se obstinadamente em busca da perfeição. Somos peças de uma sociedade cujos membros, todos os dias e publicamente, vivem a evidenciar uma constante insatisfação com aquilo que são e têm. “Sempre dá para ficar melhor!”, é uma das mentiras que virou mantra e hino matinal daqueles que, logo cedo e em frente ao espelho, dão corda às próprias frustrações.

    De um lado: as revistas, os sites, os programas de tevê e os livros que vivem a propagar receitas – que mais parecem ordens – para que você consiga – em apenas dez passos mágicos – ser um humano perfeito; do outro lado: um crescente mar de gente entrando em depressão profunda após se olhar no espelho e perceber que as gordurinhas abdominais vieram para ficar e que o tempo, com creme ou sem creme, mais cedo ou mais tarde, enrugará a pele e enfraquecerá os ossos. Não há vacina capaz de nos imunizar às imperfeições. Não existe nada – nem o bisturi do Pitanguy – capaz banir as imperfeições da raça humana. E, o que muitos estão esquecendo, é que não há necessidade de existir uma cura para algo que nem doença é. Afinal, as imperfeições não passam de características ou, se preferir – como eu certamente prefiro -, de pontos de vista criados pelas nossas próprias exigências. Que tal?

    A pressão, por mais que você ainda não tenha reparado, também ocorre para que sejamos robôs perfeitos até na hora íntima do sexo. Já percebeu o quanto exigem que nós, mesmo se tivermos acabado de começar a vida sexual, sejamos “bons de cama”? Pode ser a sua primeira vez, mas você – homem ou mulher – já precisa impressionar e mostrar que tem condições físicas, mentais e acrobáticas para participar do casting do próximo filme da Brasileirinhas.

    Para ser vista como uma mulher e não como uma aberração, você precisa se libertar (mesmo que não esteja à vontade e que não tenha a vontade), precisa gozar (mesmo que ainda não saiba como chegar lá) e, para não se sentir uma total ineficiente, precisa fazer o seu parceiro virar os olhos (mesmo que não conheça o caminho até o prazer dele). E não pode, em nenhum momento do sexo, esquecer-se das “69 dicas mágicas para enlouquecer seu parceiro e leva-lo às estrelas”. Entendeu?

    E se você, caro rapaz, quer ser visto como um homem e não como um erro da natureza, você precisa, para ontem, aprender a “dar três sem tirar”. Você não consegue? Engula o choro, amole o pênis e continue, até desmaiar. E não para por aí, macho-alfa-beta-zeta-ultra-metelão, se quer ser perpetuado em forma de estátua ou que seu pênis se torne item sagrado, em hipótese alguma, nem se um escorpião picar a sua bunda na hora H, seu pau poderá amolecer. Não importa! Você é um homem ou um rato? Você é uma máquina de meter! Você não quer ser isso? Mas precisa! Você o quê? Está me dizendo que quer ver um DVD ao invés de transar? Nem pense nisso! Primeiro a obrigação, depois da diversão. Pois, tristemente, é EXATAMENTE isso – uma OBRIGAÇÃO – que o sexo está virando. E é aí que mora o grande problema: até transar – like sex a machine – se tornou item obrigatório na vida de um ser bem-sucedido. Acredite: transar, até sem vontade, virou sinônimo de sucesso!

    E assim, ironicamente, nem na hora de transar conseguimos o sossego mental imprescindível para que a transa seja boa. O homem, entre quatro paredes, ao invés de deixar a mente ser invadida pelos estímulos necessários para gerar as reações fisiológicas que preparam o corpo para o sexo, acaba ocupando o espaço mental com pensamentos ruins como: “Eu não posso broxar agora!”, “Se eu não endurecer, ela vai me achar um bosta!”. E sabe o que acontece quando o homem ocupa o espaço cerebral com cobranças e não dá espaço aos pensamentos que motivam a ereção? Ele broxa.

    O mesmo acontece com a mulher que, ao invés de relaxar, cobra-se o tempo todo e sofre por não se sentir capaz de agir como aquela que a sociedade aponta como um exemplo de “furacão na cama”. Menina, quer saber a verdade? Você não precisa aprender a rebolar como a Shakira e, ao invés de ficar se cobrando para “enlouquecer seu homem”, apenas relaxe, pense primeiramente em você, deixe o seu instinto comandar e veja onde vai dar. Hoje as pessoas têm transado tanto para o fim que se esquecem, completamente, do começo e do meio. Gozar é consequência natural de um começo e de um meio sem cobranças e desprovido de expectativas que só servem para aniquilar o prazer. Sexo é um conjunto de momentos deliciosos e não a soma de passos feitos somente para atingir um final esperado. Assim como no cinema: o sexo pode ser bom, mesmo se não tiver final feliz.

    Temos que parar com a mania de achar que precisamos ser perfeitos em tudo. Ou morreremos de tanto exigir de nós. Perfeição não existe e, se existisse, deixaria tudo muito chato. Ninguém nasce sabendo e o sexo, assim como outras atividades da vida, para ser compreendido, exige treino, naturais deslizes, “bolas fora”, broxadas, câimbras e constantes diálogos francos com o parceiro. Deixar a vaidade de lado e conversar abertamente com seu parceiro para tentar entendê-lo, é essencial. Você nunca será “bom de cama” para um mundo de gostos tão diversos. Ou seja, pare já de exigir de você o impossível e, se puder, busque mais as respostas nas reações da sua parceira. Garanto que saberá, apenas lendo-a, se a sua lambida fez só cosquinha ou se provocou terremoto.


    " Todos os nossos conteúdos do site Casal Sem Vergonha são protegidos por copyright, o que significa que nenhum texto pode ser usado sem a permissão expressa dos criadores do site, mesmo citando a fonte. "