• Vale encarar o perigo de ser honesto e  magoar quem você mais ama?
  • Vale encarar o perigo de ser honesto e


    magoar quem você mais ama?


    Na lista de prioridades em uma parceria, sinceridade é um quesito que definitivamente está no topo da lista. Relacionamento nenhum sobrevive de teorias e suposições. Infelizmente, ainda desconheço alguém com habilidades mágicas de predizer os pensamentos do outro através de uma bola de cristal. Logo, se eu desejo/penso/reflito sobre alguma coisa, a única forma realmente sensata de conseguir o que quero é verbalizando a minha vontade em alto e bom tom. Ironicamente, o “discutir a relação” de um modo geral ainda é um tabu. Quando se fala de relacionamentos o assunto fica ainda mais grave, uma vez que os diálogos entre o casal ficam cada vez mais raros ao longo do tempo levando a uma consequente decadência da transparência dentro do relacionamento. Quanto menor é a comunicação entre duas pessoas que dividem o caminhar, maior é o índice de comportamentos discrepantes e aquém daquilo que a gente gostaria de vivenciar em uma parceria. O resultado são duas metades frustradas ao invés de um inteiro perfeitamente feliz e saudável.

    A sinceridade é uma dura balança com dois pesos e duas medidas. Um espelho que reflete quem você é e quem é o outro quando está com você. Afinal de contas fome é uma coisa muito nossa. Nem sempre minha vontade de arroz com feijão vai de encontro à sede de tequila com fritas do meu companheiro. O que poderia ser no mínimo divertido se torna uma incompatibilidade criada por um sério deslize de comunicação. O medo e a insegurança de se abrir e dividir um capricho, uma fantasia, um devaneio, um interesse com a única pessoa que deveria ter certeza de tudo isso cria uma dualidade entre ser integralmente sincero ou se calar por receio de magoar o companheiro (a). Como ultrapassar certos limites exige o máximo de cuidado para não balançar elos importantes como respeito e confiança, as pessoas silenciam vontades por medo da aceitação do outro.

    O problema é que muitas vezes a gente mesmo tem dificuldade em identificar e pontuar tudo aquilo que quer e espera quando estabelece uma parceria. Por isso é tão importante estar em paz com nossas expectativas antes de iniciar uma relação. Deixar o “tique-taque” do coração nos dizer aquilo que se passa dentro da gente é uma das tarefas mais difíceis do mundo porque significa estar emocionalmente aberto para aceitar toda a essência de quem a gente é, já que existe uma possibilidade enorme de não se escutar aquilo que se deseja. Assim, exercer a sinceridade com os nossos sentimentos é criar um equilíbrio do lado de dentro que permite então que os primeiros passos para se começar a ser honesto com o outro sejam verdadeiramente dados. Quando a gente descobre aquilo que gosta, espera e almeja não só da convivência com o parceiro (a), mas da vida em si, fica muito mais fácil colocar para fora aquilo que estava engaiolado em lugares que a gente nem sabia que existia. O desejo de inovar na cama, de flexibilizar o relacionamento, de terminar, de recomeçar, de falar o que incomoda, o que atrai, pode finalmente ganhar voz sem medo do julgamento do outro.

    Palavra reprimida dentro do peito vira angústia e desassossego e não é pra isso que a gramática é feita. Sinceridade com os nossos sentimentos e respeito com os anseios daqueles que cruzarem nosso caminho sempre é a melhor estratégia para driblar a frustração e o desencanto. Por mais que não seja possível concretizar determinados prazeres por extrapolar aquilo que o outro consegue oferecer, um coração tranquilo com a certeza de que não houve negligência ou descaso com o nosso querer garante toda a harmonia da vivência. Nada é tão recompensador quanto sentir-se ouvida sem julgamentos ou pré-conceitos independente do desenrolar final dos fatos. A gente pode se surpreender com a disposição do outro em simplesmente embarcar na nossa travessia e provar o gosto doce ou amargo das nossas fantasias. Amor é coisa poderosa que só. Respeito e diálogo também. Para caminhar de mãos dadas é essencial manter olhos e ouvidos bem abertos para afinar as melodias e achar um meio termo entre aquilo que se quer e que o outro pode ceder. Nada é tão encantador quanto alguém que se apaixona pela nossa verdade e não por doces mentiras mascaradas de felicidade.


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