• Hoje A Jiripoca Vai Piar – Cinco Lições Que  Aprendemos Com O Sertanejo Dos Anos 90
  • Hoje A Jiripoca Vai Piar – Cinco Lições Que


    Aprendemos Com O Sertanejo Dos Anos 90


    Uma saudade: os anos 90, época em que as minhas maiores preocupações eram passar Merthiolate nos joelhos ralados – o que, confesso, não mudou muito até hoje – e aprender a fazer conta de dividir sem chorar. olha, o que eu tive de facilidade pra começar a ler e a escrever eu tive de dificuldade pra aprender toda aquela ladainha de divisor, dividendo, quociente e resto. Lembro-me de deitar na sala da casa da vó pra tentar resolver umas continhas e de levantar derrotada, chorando a ponto de soluçar e de encharcar o carpete de lágrima. Hoje, depois de ter quebrado a cara umas dúzias de vezes, o coração umas centenas e de ter conhecido a amargura de uma conta a pagar chamada aluguel, tudo o que eu queria nessa vida era ter um caderninho de brochura cheio de contas de divisão pra passar a tarde inteira resolvendo.

    Mas como o tempo não volta, a gente se apega a uma coisa chamada nostalgia. Aquela saudade de ralar na boquinha da garrafa no intervalo do colégio, de assistir à Banheira do Gugu em família depois do almoço de domingo, de curtir um Love Songs na Band FM e de paquerar Zezé di Camargo & Luciano pela TV. Porque se tem uma referência dos anos 90 que eu gosto mais do que Molejo é Zezé e Luciano. Até hoje eu não posso com aquelas calças justas evidenciando o saco e com aquelas bundinhas que eles têm no queixo. Mas a libido fica pra próxima, porque o papo desse texto é outro. Depois de Não Era Amor, Era Cilada – Cinco Lições Que Podemos Aprender Com O Pagode Dos Anos 90 e dos mil pedidos acalorados para fazer uma versão sertaneja da lista, aqui está ela, linda e absoluta. A minha vontade, na real, era fazer um especial do Zezé di Camargo & Luciano com fotos, pôsteres, letras de música, vídeos e declarações de amor. Mas o autocontrole mandou um abraço e disse que a cota de queimação de filme de 2013 já tinha sido ultrapassada. Então vamos dar as mãos, 1, 2, 3, apertar a fivela, engraxar a bota e embarcar no túnel do tempo sertanejo.

    Como é que eu posso ser amigo de alguém que eu tanto amei?

    Chitãozinho & Xororó não sabem a resposta. Mas é simples: respeitar o ex é respeitar o seu próprio passado. Que pode ter sido sombrio, ok. Mas que, sem dúvida, compõe muito de quem você é hoje. E apesar de essa ser uma das lições mais básicas no universo dos relacionamentos, muita gente ainda se faz de rogada e cospe no prato em que comeu. Coisa mais feia do mundo. Quando namorava, ele era lindo, gostoso, divertido, educado, cheiroso e bem-sucedido. Mas agora que terminou, pau pequeno o define por completo. Tá certo que ninguém é obrigado a ser BFF do ex, mas desdenhar de alguém que dividiu bons e maus momentos com você é, na maioria das vezes, medo. Medo de se trancar no quarto e conversar com os próprios fantasmas. Ex bom é ex vivo. E com o nome devidamente anotado na agenda, na página de amigos.

    Seu amor, meu amor, fica latejando em mim

    Em palavras menos sutis, Daniel sofria de pau duro a cada vez que pensava na amada. O que era absolutamente normal, considerando que, em meados dos anos 90, o príncipe de Brotas não tinha nem 30 anos. Hormônios à flor da pele, cabeça de baixo pensando mais do que a de cima, metade do salário destinada a comprar camisinha. Deixa ele adorar amar você, menina. É saudável, faz bem pra pele e tonifica as pernas. E aproveita essa vitalidade toda. Vai se aprumar, que hoje a jiripoca vai piar.

    Perguntaram pra mim se ainda gosto dela. Respondi: tenho ódio e morro de amor por ela.

    Todo mundo quer a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida. Mas quem anda dominando a razão no mundo dos relacionamentos não é Cazuza. É Leandro e Leonardo. Essa ideia estúpida de que o sexo de reconciliação é o melhor dos sexos vem distorcendo a noção de saúde dos relacionamentos. Porque brigar uma vez ou outra é normal. Mas ter que chorar e fazer as pazes toda semana é sinal de que você provavelmente viveria melhor sem esse relacionamento. Amor é coisa simples. É se doar, ceder, cuidar diariamente e, acima de tudo, respeitar. Se você segue essa receitinha, não tem porque viver entre tapas e beijos. É masoquismo demais.

    É a sua indiferença que me mata.

    Já dizia vovó: pior do que o ódio é a indiferença. E é a sua indiferença que mata Zezé e Luciano, meu bem. Pisa em mim, mija em mim, liga pra mim, não, não liga pra ele. Mas não finge que nem vê quando eu passo. Porque quando você é indiferente, pressupõe-se que o seu tempo e a sua energia são preciosos demais pra gastar com o outro – seja amando-o ou o odiando. Como eternizou Érico Veríssimo, “O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença”.

    Mas é paixão. E essas coisas de paixão não têm explicação.

    Zezé e Luciano divando nos conselhos amorosos mais uma vez. Essa citação nada mais é do que a releitura do clássico “o amor é cego”. E acontece quando a gente menos espera. Você passa a sua vida toda idealizando o par perfeito. Um cara alto, sarado, de olhos verdes, romântico à moda antiga, que não tenha vícios e que cante e toque violão pra te fazer uma serenata um dia desses. Aí, quando você se dá conta, tá encantada por um baixinho, gordinho, míope, meio ogro, alcoólatra e que só sabe tocar campainha e punheta. E é aí que Zezé e Luciano entram em cena, dizendo “mas é paixão. E essas coisas de paixão não têm explicação”. Lição anotada, professores.

    E se você achou tudo isso brega demais pro seu gosto requintado, um recado: aposto que se as letras fossem do Los Hermanos você tava até colocando citação no seu Facebook.

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