• Em um relacionamento sério comigo mesma
  • Em um relacionamento sério comigo mesma


    Admito que tenho um pouco de dificuldade de entender as pessoas que não gostam de ficar sozinhas. Não estou falando de sozinho no sentido de solteiro, estou falando de passar um tempo sozinho. Uma tarde, um final de semana, quem sabe até uma semana inteira em uma viagem desbravadora de si mesmo?

    Adoro estar cercada de pessoas que eu gosto, mas aprecio demais minha própria companhia. Nós com nós mesmos somos o relacionamento mais longo que já tivemos, o mais completo e complexo de todos. Só nós sabemos como às vezes foi duro nos aguentar, as barras que enfrentamos ao conviver com a gente mesmo e o quanto crescemos e amadurecemos. E todos aqueles momentos só nossos e de mais ninguém? As lágrimas que ninguém viu a gente derramar, a vontade de jogar tudo pro alto, os medos que tivemos que engolir para seguir adiante. Nossa vida é feita de vários momentos que não são divididos com os outros. Nasceram e morrerão com a gente. Não só coisas ruins. Passamos por instantes incríveis. Vimos coisas maravilhosas, vivemos situações que mesmo quando contamos para alguém não traduz com precisão aquilo que só nos presenciamos.

    Ainda assim tem gente que não se percebe em um relacionamento com si próprio. Muitas pessoas não se levam a sério. Amor, respeito e fidelidade só constam como itens para relacionamentos com pessoas que não nós mesmos. Tem gente que se humilha pelo amor de outra pessoa e parece incapaz de amar a si próprio. Outras não se respeitam ou não são fiéis ao que acreditam para impressionar alguém.

    Parece que não aguentamos nossa própria companhia. Quatro horas de solidão são um pesadelo para algumas pessoas, quando poderia ser um momento para relaxar, para se aproveitar. Para ler aquele livro que está empoeirando na estante ou ver aquele filme que todo mundo acha ridículo, mas você adora. Aproveita os momentos sozinhos para ouvir as músicas estranhas que só você curte. Ou leve você mesmo a um passeio. Se convide para aquele programa que você sempre quis fazer ao invés de esperar o convite dos outros. Visite aquele museu que todo mundo tem preguiça de ir porque acha que é programa de turista. Não tenha medo de estar sozinho. Aproveite para fazer as coisas no seu tempo. Gosta de ver uma exposição em dois minutos? Ligue o cronômetro e faça isso. Ou você é do tipo que reflete durante duas horas diante de um quadro? Hoje não tem ninguém te apressando, vai ser como achar melhor.

    Mesmo cercada de bons amigos é importante sabermos apreciar nossa própria companhia, aprendermos a passar tempo só com nós mesmos sem achar que isso é algum tipo de derrota. E o que dizer das pessoas que preferem estar em péssimas companhias por medo de ter que lidar com a própria solidão?

    É preciso valorizar mais o relacionamento eu-comigo-mesmo porque a única pessoa que nós podemos ter certeza que vai estar ao nosso lado, do início ao fim, somos nós mesmos. Então é melhor nos certificarmos de que a companhia vai ser boa, já que a viagem será longa.

    andrea


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