• Talvez sejamos apenas mais um
  • Talvez sejamos apenas mais um


    Cair no conto do vigário é, de fato, muito fácil. Principalmente quando já existem sentimentos, passados e histórias precedentes fortalecendo a trama. Ainda mais perigoso é o fator intensificador chamado carência. Nós sempre acreditamos que somos tão especiais a ponto de agora ou com a gente ser diferente do que é com a esposa que está sendo traída ou com o bando de caras que estão sendo enrolados. Sim, somos únicos e devemos ser tratados como tal. Mas, infelizmente não é todo dia que sai um ser humano bacana de casa em busca do amor. Na maioria das vezes, somos apenas mais um.

    Digo isso porque a realidade em grande parte dos casos é tão evidente, tão sórdida e tão escancarada que se fosse um problema de um amigo não teríamos dificuldade em torcer o nariz. Quando o desencontro acontece com a gente parece que somos blindados para o mundo externo por uma mão invisível e só conseguimos enxergar aquilo que nos é literalmente vendido. É a menina que namora, porém bate no peito pra dizer que você é peça essencial na vida dela. É o cara que cultiva três lindas flores e diz para cada uma delas que não possui olhos para mais nenhum jardim. É a velha história do “eu vou terminar para ficar com você, só estou esperando (…)”.  Se identificou?!

    Como qualquer semelhança é mera coincidência, você já descobriu o elo fraco desta comédia romântica. Então, por que a dificuldade de aceitação quando o personagem principal é você? Não sei muito dessa vida, mas três premissas posso afirmar: o tempo muda as pessoas, nada é tão perfeito quanto parece e se a atitude que você espera está demorando demais, muito provavelmente ela está e não vai se concretizar. Sendo assim, a pessoa que você conheceu há 10 anos e magicamente reapareceu nos seus caminhos podia ser um parceiro(a) incrível, um amigo encantador, uma metade super carinhosa. Há 10 anos. Muita água passou debaixo dessa ponte. É prudente estar de olhos bem abertos.

    Lindo seria se todos nos tratassem com cuidado, delicadeza e humanidade. Mas, lamentavelmente existe caráter para todo tipo e gosto espalhado por aí. O que nos move e nos empurra, às vezes mesmo sem vontade, pela travessia é a esperança de um encontro com dias e pessoas melhores. E não devemos nunca perder essa fé bonita que nos faz acreditar que talvez amanhã sejamos recebidos com um pouco de amor pelo abraço de alguém. Cedo ou tarde seremos feitos infinitos e é nisso que devemos nos apegar. 

    Até lá, calma para evitar passos maiores do que as pernas, cautela para não ser subvertido no meio do caminho e coragem para seguir ainda que se sentir descartável. Que as inconstâncias de quem não sabe o que quer não apaguem a nossa luz e que saibamos discernir em que parte desta tempestade se encaixa (se é que se encaixa) a nossa doce calmaria. Para tudo que agrega, clareia e transborda que estejamos sempre de alma e coração bem abertos, sem receios. Para todo o resto que nos coloca na prateleira e tenta nos vender meios encantos nada mais libertador do que entoar um sonoro e facilitador: NÃO, não sou obrigada.

    danielle-assinatura


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