• Essa é uma declaração de amor  (sem prazo de validade)
  • Essa é uma declaração de amor


    (sem prazo de validade)


    Essa é uma declaração amor. É séria, não é mais uma não, nem palavras soltas, daquelas que inundam nossa timeline. É um posicionamento, acho, não sei se combina, talvez. Só para que saiba que eu topo. Topo fazer bate-volta para te ver, sempre que você quiser. E eu odeio bate-voltas. Mas vou amar ir te ver, então, tá tudo certo. Vou te acompanhar nas cachoeiras que tiver vontade de visitar, e olha que eu odeio água gelada. Mas vou te ver de perto com o cabelo molhado e aquele sorriso de felicidade, espanto e frio, então, tá tudo certo. Prometo aprender a pronunciar seu sobrenome direitinho.

    Troco ver o futebol de domingo pra gente ficar sentado naquele banquinho de madeira vendo a serra. E olha que eu adoro o futebol de domingo. Hoje já não vi, comecei a treinar. Troquei por olhar as famílias brincando numa praça aqui perto de casa. Tinha, por exemplo, um pai e três filhos pequenos. O mais velho, deveria ter uns seis anos, um exemplo de rebeldia. Quando chegava na cara do gol, chutava de propósito pra longe para o pai ir buscar, debaixo de um sol de outono até que forte. O pai ficava bravo, mas ia atrás da bola, mesmo assim, uma, duas, três, várias vezes. Ambos vão lembrar desse dia no futuro como uma declaração de amor, cada um à sua maneira. Espero que você também lembre da minha.

    Eu troco minhas cervejas pelas suas. Até porque você gosta de boas cervejas, aparentemente, e acho que nunca bebi nenhuma dessas. Você estava linda nessa foto de hoje, com os cabelos presos, na blusa preta. Por um instante imaginei que a gente poderia se ver hoje, então caprichei no topete. Mas ele já não para mais, todo imponente, como antes. Não sei se é culpa do cabelo, da ação do tempo, ou do barbeiro que não sabe mais cortar do jeito que eu peço. Prefiro colocar a culpa no barbeiro. Mas espero que você goste dele assim mesmo, deixo você modelar do teu jeito, caso não esteja. E olha que eu não gosto muito de gente mexendo no meu cabelo, mais por aflição do que frescura, mas vai ser você, talvez arranque esse sorriso avassalador, que faz uma curva nas tuas bochechas, então, já sabe, tá tudo certo.

    Eu te acho a mulher mais bonita do mundo. Sei que você não vai levar essa afirmação com seriedade, até porque seria uma falta de modéstia e você não é assim, elemento água regida pela Lua. Vai citar a Gisele, a Angelina, sei lá quem mais, e eu vou protestar. Sempre te achei a mulher mais bonita do mundo desde o segundo que posei os olhos em você. O amarelo nos cabelos, sobre os ombros. O formato do teu rosto, os olhinhos pequenos que sempre acompanham a boca no sorriso. Também gosto quando você prende os cabelos no topo da cabeça e deixa só dois fios soltos, de cada lado. És a mulher mais bonita desse mundo e sempre vou insistir nisso, não abro mão, queiro deixar aqui registrado desde já. Hoje coloquei a trilha do filme “Paris, Texas”, do Win Wenders para ouvir. Acho que não escutava esse disco há uns 10 anos. Tinha me esquecido da profundidade, do frio na barriga, que essas músicas transmitem. Acho que combinaria para ouvir naquela pousada perto da montanha. Já te falei que adoro aquela foto com você sorrindo, no alto de alguma montanha? Por algum instante eu imaginei que a gente poderia se ver hoje, então caprichei na playlist. Coloquei boa parte dos artistas que gostamos em comum, com uma ou outra variável, sem fugir muito do raio de ação dos escolhidos originais. Incrível como a gente gosta dos mesmos discos, tantos discos. Se algum dia fizermos uma festa, será um sucesso, tenho certeza. Ah, descobri um cantor chamado Sinkane. Ele é inglês, mas com raízes africanas. Mistura soul, funk, jazz e fala umas coisas bonitas. Como diz a Matilde Campilho, “atravessaria a cidade em bicicleta só para te ver dançar”. Eu topo. E você? Pode ser “Telephone”?

    Por algum instante eu imaginei que a gente poderia se ver hoje, então caprichei no chá que você gosta, achei que iria te fazer bem. Também queria te ouvir falar do curso, do teu trabalho e das bandas que ouviu pelas calçadas da Paulista. Mas escureceu e você não veio. Me contento com a minha loucura de imaginar que talvez tenha passado pela tua cabeça parar quando passou aqui em frente. Devia estar cansada. Eu entendo. Muitas músicas favoritas em comum numa playlist assustam, assim, logo de cara. Por isso, apaguei tudo, tomei o chá, para não esfriar. Se um dia você vier, a gente constrói tudo novo, devagar, como tem que ser. Essa é uma declaração de amor. É séria. Não é mais uma não, nem palavras soltas, daquelas que inundam nossa timeline. É um posicionamento, acho, não sei se combina, talvez. É uma declaração de amor sem prazo de validade. Quando e se, algum dia, você vier, faremos playlists novas, a partir daí. Escolheremos juntos as cervejas. Desenharemos roteiros de mar, montanha, países europeus. E passo o chá. Não tem pressa, fica tranquila, te espero. E olha que eu odeio esperar. Mas se for para você ficar, então, tá tudo certo.

    ass alexandre


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