Às vezes as pessoas vão embora, acontece. Pode até existir um culpado, mas na maioria das vezes não é responsabilidade de ninguém. É a vida mesmo que vai se desenrolando e quando se vê estamos nos afastando da travessia original. Não faltou amor, não faltou cuidado, tampouco querer. O gostar que foi se desfazendo aos pouquinhos até virar saudade, amizade ou aquela coisa serena que carecia da urgência do encontro. Infelizmente, quando os sentimentos se modificam ao ponto do outro querer sair pela porta não existe nada que possa ser feito para o contrário. Amor não se implora. Jamais.
Dói, machuca, a gente promete mudar mundos e fundos, tenta entender, não consegue, liga e pede uma segunda chance, paga de inconveniente para parecer interessado e no fim sofre, sofre muito por algo que não depende de nós. Não importa o número de horas, meses e anos que vocês passaram juntos, história não é moeda de barganha. Certamente a pessoa teve um motivo para desistir da relação, fim. A questão toda não é aceitar um término passivamente, mas sim saber compreender o limite entre o que a gente quer e a liberdade de ir e vir do outro. Sim, ele (a) pode se arrepender amanhã. Ou não. Você quer mesmo ficar esperando?
Amor a gente cativa. Quando ele acaba não significa necessariamente que deixamos de ser interessantes. A vida é feita de caminhos, de transições. Hoje nosso timing é aqui, ontem foi em outro lugar. Se as travessias se encontram e seguem juntas em algum ponto, sensacional. Contudo, surgem outros sonhos, outras possibilidades e muitas vezes a pessoa ao nosso lado não está no melhor momento para corresponder. Ter consciência sobre isso não diminui a dor e a frustração, isso é um fato, mas deveria oferecer um certo conforto. Ele se foi porque precisava ir. Porque algo muito maior não permitiu que ele ficasse. Muitas vezes a partida é livramento, outras é só a vida sendo a vida mesmo. Inconstante.
O ponto é não ficar se martirizando. Esgota a dor por inteiro com lágrimas, porres, seriados e o que mais servir de abrigo e seja forte quando o universo te colocar à prova. Da mesma forma que estamos em um processo permanente de amadurecimento emocional o outro também está. Até ele descobrir exatamente em que parte da rotina dele se encaixa o adeus de vocês, ele vai ligar. E talvez mandar mensagem de madrugada procurando um revival ou sugerindo que vocês possam ser amigos agora que tudo passou. É confuso para todos os envolvidos, principalmente quando existe apego. Cabe à outra metade se posicionar corretamente e cabe a você, quem sabe, não atender aos chamados até que se sinta preparado.
Acima de tudo: saiba o momento certo de seguir adiante. Não se culpe, não se reprima, não se boicote. Se você acredita que pode ser uma pessoa melhor em um próximo relacionamento é sempre maravilhoso que o faça. Todas as experiências são validíssimas como bagagem. Assim, quando um novo amor nos encontrar de jeito estaremos prontos para uma parceria ainda mais saudável e agregadora. “Mas, ele era o amor da minha vida”. Acredite, você vai amar de novo. E será ainda melhor e mais bonito e mais infinito do que se possa imaginar. Deixa ir com fé o que tiver de ir. O extraordinário da vida é isso, mesmo que morra uma flor sempre florescerão outras primaveras. Aproveite a mudança de estação e se permita metamorfosear. Vai que você descobre que o peso do que passou era muito grande para as suas novas asas.
