• Não tenha medo de recomeçar
  • Não tenha medo de recomeçar


    Eu recomeço algo todos os dias do zero. Seja no trabalho, na vida pessoal, nas relações familiares ou no amor. Quando a coisa toda, os sentimentos ou as pessoas se esgotam o melhor mesmo é dar a volta, fazer o caminho inverso e começar de novo. À primeira vista pode parecer um retrocesso, uma perda de tempo ou um atraso no caminho. A verdade é que existem retornos que mais parecem moinhos que não saem do lugar, mas no fundo são grandes atalhos. Ou, como eu gosto de pensar, um presente do universo para fazer melhor e muito mais bonito. Não é demérito nenhum repetir o mesmo trajeto várias vezes, o grande problema é não sair do lugar.

    Eu prefiro encarar a oportunidade de refazer alguma coisa como uma chance de fazer diferente. Nada nessa vida é por acaso, tudo é sinônimo de aprendizado. Às vezes a bagagem que a gente precisava acumular naquela ocasião não encheu a mala, ou algum detalhe tenha passado despecebido. Se estamos ali, naquele mesmo lugar, com aquela mesma pessoa novamente é porque algo precisa ser refeito. Por isso acho complicado quando alguém pondera sobre o quanto insistir em uma relação. A gente insiste o tempo necessário, nem mais, nem menos. E só quem sabe disso são os envolvidos e ninguém mais.

    Difícil é transpor esta consciência para dentro dos relacionamentos. Entender que muitas vezes milhares de novos começos serão necessários para que determinada engrenagem entre nos eixos. Sim, de novo, e de novo e por aí vai. O que levaríamos de determinada situação ou sentimento se tudo estivesse prontinho à nossa espera? Se o nosso trabalho fosse unicamente abrir o guardanapo e degustar a sobremesa não valorizaríamos todo o processo de criação do chef de cozinha. Quando a gente coloca a mão na massa e percebe o quão árduo pode ser elaborar um prato criterioso, o prazer de sentar à mesa é completamente diferente. Dá aquela sensação de dever cumprido. De amor amado.

    Amar dá trabalho mesmo. Se engana quem acredita que tudo se encaixa certinho de primeira. São inúmeros recomeços, infindáveis reviravoltas e muita, muita paciência. Para entender que se o bolo não vingou dessa vez, quem sabe numa próxima. Se a laranja veio amarga, aposte em outro sacolão. O arroz queimou, simbora colocar mais água na panela. Já dizia a máxima: a prática leva à perfeição. Quanto mais tempo, dedicação, cuidado e delicadeza a gente investe em uma relação, mais se recebe todo o sentimento destinado de volta. Assim como as flores e os frutos, as pessoas precisam de estações para se permitirem amadurecer.

    Não tenha medo de recomeçar. Uma, duas, dez, infinitas vezes. É sempre maravilhoso abandonar as coisas velhas e continuar em frente apenas acompanhado daquilo que agrega o bem, o amor e a felicidade. Cada um sabe do seu limite e quando é o momento de parar. Não existe uma convenção que preconiza quantas tentativas são aceitas socialmente. O que existe é você, o outro, uma (ou várias) histórias, os sentimentos envolvidos e a vontade de prosseguir. Juntos. O resto é pitaco alheio de quem pouco sabe do seu relacionamento.

    Se der vontade de ir, vai. Bom que a gente já conhece o trem, a estação e o assento com a melhor vista. Logo a gente se acostuma com o trajeto e nem se incomoda mais com os balanços do caminho. Melhor do que apreciar as mudanças da paisagem em cada viagem é ter aquele mesmo sorriso de quem conhece a gente por inteiro recepcionando a nossa chegada. Com amor. Com o olhar de reciprocidade de quem faria tudo de novo com você.

    danielle-assinatura


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