• Quem quer, pede a conta
  • Quem quer, pede a conta


    Volta e meia desapareço sem ser notada. Sair à francesa é um artífício valiosíssimo para quem se mantém cativo das próprias vontades. Ainda que cada pedaço da noite me implore pra ficar, se o meu desejo é ir, peço a conta.

    Permanecer em um lugar – ou numa vida – contra a própria vontade desafia a própria lógica da liberdade. A cerveja pode estar gelada, a música pode ser agradabilíssima e o ambiente convidativo, mas se você estiver cansado, ir embora continuará sendo a melhor decisão.

    Porque quem quer mesmo pede a conta e sai de mansinho, sem muito estardalhaço, quase sem ser notado. Quando queremos sair de uma mesa de bar – ou da vida de alguém – não ameaçamos, não acendemos sinais luminosos – simplesmente viramos as costas.

    Portanto, se alguém já não se sente bem ao teu lado, não há nenhuma razão para que permaneça. Se alguém quisesse, de fato, estar fora da sua vida, já teria ido. Desculpas se tem aos montes: a pessoa certa no momento errado, a rotina apertada, o coração fechado pra balanço…

    Quem quer mesmo ir embora não ameaça. Arruma as malas e sai assoviando. Qualquer escândalo prévio é um aviso de alarme falso. Quem diz que já não sente nada e continua ligando pela manhã ou enviando mensagens despretenciosas de bom dia, quer, no fundo, ir ficando.

    Qualquer manifestação de insatisfação num relacionamento que não chega acompanhada de uma atitude é sinal de que o amor ainda insiste, e o que parece a vontade de ir embora é, na verdade, o desejo insano de ser convencido a ficar.

    Quem quer ir embora vai sumindo devagar, vai deixando de telefonar, vai esvaziando cada gota de intimidade até que só reste um ‘olá’ frígido e quase cruel. Pede a conta e sai à francesa da vida do outro.

    Não significa que a companhia do outro seja ruim – é como a cerveja gelada trocada por uma cama quentinha. É só questão de escolher o mais conveniente para cada momento.

    Deixemos que vá, deixemos que fique, só não se pode permitir que o outro estacione na porta de nossas vidas e atrapalhe a passagem.

    Coração não cobra pedágio.

    ass-nathalie


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