• Por mais amores inteiros
  • Por mais amores inteiros


    Paz é o que eu sinto quando a reciprocidade chega de mansinho e beija a minha testa desejando um bom dia. É a mensagem recebida com carinho, a ligação atendida sem hesitar, o abraço que devolve o calor que lhe é destinado, é o olhar do outro que se torna espelho de quem a gente é por dentro e não apenas um mero reflexo. Paz é a certeza da mão estendida do outro lado, muitas vezes invisível, que serve de bússola, de amparo, de aconchego, de abrigo, mesmo que o toque dos dedos não seja palpável no momento presente.

    Sentir-se parte de um todo, de um conjunto, de uma parceria saudável vai muito além dos afagos e carícias. É preciso coragem para abandonar os velhos padrões de comportamento, os medos, os receios, a mania irracional de “eu só faço se o outro fizer primeiro”, para se sentir de verdade como integrante de algo muito maior: o amor a dois. E esse samba delicioso chamado romance precisa de entrega, nada de um apelo superficial de afeto. Ou você vai de corpo inteiro e guarda as migalhas no bolso ou é melhor nem saltar.

    Decidiu amar, mas passa dois dias sem dar sinal de vida só para constar que você não está ansiosa por um contato (mesmo sendo exatamente o contrário). Decidiu se envolver, mas não está disposto a trocar a resenha com os amigos em uma ocasião especial para acompanhar a namorada naquele evento familiar. Decidiu assumir um compromisso, mas faz pirraça na primeira oportunidade. Com todo respeito: você decidiu ostentar um status e não dividir um sentimento.

    Relacionamento precisa ser morada, conforto, abrigo. A gente tem que estar lá antes do outro pedir, ser a solução antes mesmo do problema se manifestar. Quando a dor de cabeça muda de rumo e repousa sobre os nossos ombros que deveriam ser resguardo, pode ter certeza, não estamos vestindo o personagem da parceria direto. Namorar, mesmo com todos os descompassos que fazem parte do caminho, tem obrigatoriamente que fazer bem para a travessia da gente. O outro precisa ser paz. De tormenta já basta o mundo que palpita por si só do lado de dentro.

    Paz é não ter medo de telefonar, porque sabe que será bem recebida. É poder mandar um emoji cheio de corações no meio da tarde sem receio do impacto que isso poderia causar. É ter tranquilidade nos momentos a sós, pois tem motivos de sobra para confiar que o compromisso mais bonito que existe entre vocês se chama respeito. Paz é conseguir ter uma rotina saudável, que não sufoca, que não angustia, que não entristece, porque lá do outro lado sossega alguém que a gente chama de lar.

    Para a listinha do Papai Noel deste ano é sempre bom acrescentar: coragem. Nada é certo, nada é seguro, nada é imutável. Então vive, bebe desta oportunidade até a última gota para decifrar com seus próprios beijos se vale a pena ir ou ficar. Saiba merecer, mas também aprenda a se doar. Melhor do que encontrar refúgio nos abraços apertados de alguém é saber que os nossos braços calorosos também oferecem o alento de um ninho. Estes são os melhores lugares, a gente fica sem mendigar sintonia. O encontro é de graça porque cada um andou o mesmo tanto. O amor é harmonia justamente porque permanecer nunca foi tão fácil: deixou de ser obrigação para se tornar uma necessidade. De ser paz, de ser luz, de ser dois. Inteiros.

    danielle


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