Ele não sabe chegar e dizer pra você que tá inseguro pra caramba porque ele aprendeu de uma forma bem boba a não dizer nada. Aprendeu que era melhor ficar calado e brincar por aí que não precisa de ninguém, nunca precisou. E jura de pés juntos que você vai e vêm oito, que não vai fazer diferença nenhuma e já marca a balada mais próxima possível pra encher os cornos de vodka-e-energético-e-tchetcherere-Gusttavo-Lima-e-você.
É que ele não sabe amar.
Ele não sabe abrir o peito de outro jeito, acha que é só abrir os botões da camisa social e pronto. Não basta. Não é só tirar a roupa e pedir pra apagar a luz, não é só segurar a sua cabeça pra não cair pra fora da cama, não é só dizer que tá manhoso quando, na verdade, ele adora carinho. Mas ele não sabe disso, e finge o tempo todo que tá sentindo uma coisa quando lá dentro a história é outra.
É que ele não sabe amar.
Ele não sabe ligar e dar atenção sem se destrair por dois minutos com o que tiver passando na TV. Deixa sempre pra depois, sempre deixa, porque não vê necessidade de correr. Se o mundo acabasse amanhã, ele não correria pra fora de casa, muito menos atrás de você. Aprendeu a se conformar e é isso, vive um eterno dia de domingo. Enquanto você bate a cabeça na parede, ele até sente, mas não sabe o que fazer com isso. Então ele deixa pra lá. Você também deveria.
É que ele não sabe amar.
Já deu pra perceber que eu tô falando o tempo todo pra ver se isso entra na sua cabeça. Não é pra fazer o tal cara bancar o coitado, calma lá, muito pelo contrário. Ele não sabe, você até tentou ensinar, mas ninguém quer ser mãe de um homem vestido de moleque que se recusa a terminar o almoço, que se recusa a aprender a amar. Repito pra te fazer entender, porque você precisa entender mais que ele – talvez ele até já saiba -, que uma escolha foi feita. Chega um momento da vida em que você pode escolher entre se atirar no escuro, se é o que você realmente sente vontade de fazer, ou se manter seguro e perder alguém. E ele, bem, ele já escolheu deixar a luz acesa.
