Pedi um conselho. Mal terminei a frase já era possível prever a resposta. Aquela história estava capenga demais para parecer um bom começo. Não que faltasse carinho, mas faltava um interesse real pela vida do outro. Não tinha nem de perto aquela urgência dos beijos que eu vejo no metrô e me fazem invejar qualquer amor de oitava série. Era uma história cheia de dúvidas, com muito mais inbox do que olho no olho, daquelas que a gente conta começando com um “então”. E, então, resposta era não. A verdade estava na minha cara e eu não percebi.

Quem dera o enigma fosse mais complicado. Era melhor que exigisse complexas associações para justificar as horas que eu perdi interpretando emoticons, investigando exclamações, calculando os minutos entre o visualizado e a resposta na insistência de encontrar algum sentido. Quando a memória parece feita de retalhos, a gente costura onde dá. E ainda inclui as amigas para brincar de detetive. O Whatsapp sabe como somos criativas. Haja imaginação para desvendar o significado oculto, aquela velha ladainha dos sentimentos oprimidos que a gente conta pra se proteger.

“Ele está se sabotando” sussurra secretamente o meu ego, que até hoje não sei se é mesmo muito convencido ou só pouco inteligente.

Tem alguma coisa errada quando exige tanto esforço. Porque o amor é qualquer coisa, menos uma queda de braço. Deveria ser mais fácil, mais solto, em vez de se moldar para parecer sob medida. A essas alturas, a gente já se conhece e sabe quão instigante pode ser essa dor de orgulho ferido. A vaidade é traiçoeira: faz parecer fracasso abrir mão do que não está na nossa mão e torna difícil enxergar o que está na nossa frente.

Não sei. Às vezes, a verdade deve ser como um nariz.

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