Tá bom. Eu sei que já faz um tempo que o Tinder existe. Mas só agora me deu vontade de falar sobre. Sabe por quê? Porque me dei conta de que a maioria dos textos que li só criticaram o aplicativo e eu tenho que dizer que não concordo muito com os julgamentos.
A primeira coisa que muitos dizem é “O Tinder é um app muito superficial”. Tudo bem. Não deixa de ser verdade. Em um primeiro momento, você “julga” alguém por uma meia dúzia de fotos, alguns interesses em comum do Facebook e uma pequena descrição de perfil. Mas, pensa comigo, quando você sai por aí para os bares, festas e baladas da vida, o que você vê? Pessoas que não se conhecem, que se sentem atraídas de alguma maneira e decidem começar um papo ou até dispensam isso e partem logo para o ataque. Certo?
Todo primeiro contato é superficial. As pessoas vivem nos passando primeiras impressões, que raramente são fieis. O Tinder pelo menos possibilita que, antes do contato físico, exista uma conversa entre as pessoas. Ninguém simplesmente consegue um “match” e, instantaneamente, cai nos braços do outro. No mínimo trocam algumas palavras, conseguem algumas informações, descobrem a existência ou ausência de afinidades. Se as pessoas não fazem isso é porque não querem, mas a possibilidade para tal não só existe como é eficiente.
Também tem os que dizem “As pessoas do Tinder só querem pegação, eu quero algo mais sério”. Aí volto pra mesma questão anterior. O que você vê quando sai de casa? A maioria está buscando um relacionamento sério? Pois é. Aliás, as pessoas que estão no Tinder – na grande e esmagadora maioria das vezes – são pessoas reais. As mesmas pessoas que vão ao bar da sua cidade, que estudam na sua faculdade, que trabalham na mesma empresa da sua prima, que têm família, cachorro (ou gato), que possuem sonhos, sentimentos e desejos. Ninguém ali é um robô – pelo menos não era pra ser.
O que quero dizer é que em qualquer lugar você vai encontrar todo tipo de gente, com diversos pensamentos, com diferentes gostos, anseios e vontades. No Tinder, na padaria, no escritório ou na mesa de bar existem pessoas que estão buscando coisas em particular e, seja lá de que forma você vá cruzar com elas, só saberá se conhecê-la e isso exige mais do que uma primeira impressão.
É claro que nada substitui o contato físico. É óbvio que é muito mais gostoso topar com alguém bacana das maneiras mais naturais e tradicionais. É mais claro e óbvio ainda que o aplicativo deve ser usado apenas como uma ponte para o contato real. Entretanto, se a tecnologia existe e já nos traz tantos malefícios em nome da tal modernidade, por que não utilizá-la a nosso favor vez ou outra? Já vi pessoas construindo relações bem legais a partir dele.
A meu ver o problema não é o Tinder, o problema não são os usuários dele. O problema são as pessoas, de modo geral. São elas que estão cada vez mais superficiais, cada vez mais voláteis, cada vez mais insatisfeitas, cada vez mais rasas, cada vez mais egoístas, cada vez mais chatas… Antes de abrir o aplicativo precisamos abrir a nossa cabeça.
Nos parecemos com uma criancinha mal criada, que quando a vida contraria, apenas coloca a culpa no irmão, na prima, no aplicativo, no governo, em Deus… Depois sai correndo, se tranca no quarto do próprio mundinho e “chora” até tudo passar. Bem mais fácil que assumir o erro, enfrentar as consequências e mudar a atitude, né?! Nos comportamos como um bando de mimados, querendo algo que não podemos ter e fazendo birra por não conseguir isso. Sim, porque vivemos em busca da perfeição dentro de um mundo com sete bilhões de seres imperfeitos… Essa busca nunca terá fim simplesmente porque insistimos em procurar por coisas erradas, fantasiosas, utópicas, inexistentes. Típico de uma criança.
As relações parecem estar cada vez mais vazias, erradas, sem parcerias verdadeiras e estáveis pelo comportamento que optamos ter. Se nós escolhemos ser assim, é uma baita imaturidade colocar a culpa em um simples aplicativo. A culpa não é do Tinder, não é do Facebook, não é do Whatsapp e não era do MSN… A culpa é nossa. Só nossa.