• Amor verdadeiro também acaba
  • Amor verdadeiro também acaba


    Num papo mais parecido com uma sessão de análise, uma amiga confessou que ainda gostava de um ex namorado. Até aí, nada demais; milhares de pessoas pelo mundo sentem amor por ex parceiros. O que é estranho é ainda gostar de alguém com quem se viveu uma relação que teve um final doloroso, sofrido demais. Freud explicaria algo assim? Tenho minhas dúvidas. Mas, em se tratando do ser humano, tudo é possível e nem sempre dá para explicar logicamente as emoções e, em especial, os desejos.

    Fiquei pensando sobre o assunto que nem me é tão estranho assim. Quem não atravessou alguma fase da vida com um inquilino indesejado morando dentro do coração que atire a primeira pedra. Amar é simples, dizem. Mas não é bem assim na prática. Amar pode doer pacas, machucar repetidamente as esperanças e jogar as energias por terra, ainda mais quando o ser amado não concorda com a nossa expectativa de um “felizes para sempre”.

    Eu já enchi a boca para falar que se o amor fosse verdadeiro ele jamais acabaria. A vida se encarregou de mostrar que eu estava redondamente equivocada. Amor verdadeiro também acaba. Basta ser mal manuseado, desrespeitado, ultrajado na sua simplicidade. Amor verdadeiro acaba quando é sucessivamente sacolejado, ignorando sua imensa fragilidade. Amar não é simples. O Amor é que é. Amar é a conjugação, o jogo complicado de encaixar duas vidas, duas existências diferentes, duas pessoas com experiências, desejos, histórias, crenças, traumas, medos, vergonhas, valores e, principalmente, expectativas em escalas desiguais. E é justamente na hora do clique do encaixe perfeito que a porca torce o rabo e a receita da paixão começa a empelotar.

    Deveria ser assim? Não sei, sinceramente. Só em pensar na trabalheira que dá para aparar as arestas, corrigir rumos e colocar panos quentes a cada vez que o caldo entorna dá uma vontade de ser uma ostra bem quietinha no fundo do oceano, mas como a gente sabe que isso não é possível, vamos passando pela vida num ciclo vicioso de apaixonar-desapaixonar, um constante estado de cicatrização. No meio dessa autorregeneração, o coração vai aprendendo que nem toda paixão diverte e começa a selecionar um bocadinho melhor para quem vai estender o capacho de boas vindas e deixar entrar. É bom que seja assim. Evita nos fazer conviver com alguém que não tem mais nada de positivo e saudável para acrescentar em nossas vidas.

    corina


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