• O que acontece na sua vida quando você  descruza os braços e escreve seu destino
  • O que acontece na sua vida quando você


    descruza os braços e escreve seu destino


    Toda semana (quando muito, a cada quinze dias) eu tenho a chance de sentar à mesa de um bar sem nenhuma frescura e encontrar alguns amigos para falar da vida. São papos regados a vinho, cachaça e tesão – uma bebida maravilhosa, obtida com a mistura de conhaque com licor de cacau. Apesar que, se eu parar para pensar um pouco, também existe tesão de verdade todas essas noites. Não aquele tipo de tesão que faz o coração bater mais forte, a visão ficar meio turva e os sentidos se aguçarem: uma sensação de plenitude misturada com afobação, de alegria. Um calor que só dá pra sentir ao ver o sorriso da família que você escolheu.

    Voltando mais no tempo consigo me lembrar dos tempos de colégio. Desajustado, sem saber muito para onde ir, fantasiava com esses momentos que hoje fazem parte da minha rotina do mesmo jeito que arroz e feijão fazem parte do meu almoço. Nessa época de colégio, porém, eu gastava tardes inteiras imaginando quando as pessoas incríveis que me trariam alegria, risadas e piadas internas iriam aparecer.

    A mente trabalhava. Os braços continuavam cruzados.

    Muitas pessoas já tiveram (ou ainda têm) essa mania: descrever cada detalhe do incrível futuro que lhes espera, repleto de glórias, sucesso e conquistas, sem empenhar um minuto de toda esse tempo para efetivamente fazer algo. Movidos pelas grandes histórias que vemos por aí – dentro e fora da ficção -, sonhamos com aquele que será o “nosso momento”. A hora de brilharmos. Como se alguma entidade mágica já tivesse reservado, com nome na lista e tudo, o nosso auge.

    É difícil aceitar que, se não batalharmos, esse momento nunca irá chegar. E não é uma batalha tão difícil assim de lutar.

    A noite que me trouxe um relacionamento (futuramente uma amizade e todo um grupo de irmãos) foi apenas mais uma. Mas, ao invés de ficar em casa imaginando tudo que eu poderia estar fazendo lá fora, eu decidi sair. Porque, por mais que sonhos sejam um dos combustíveis que movem a humanidade, é preciso sair do lugar. Nem que seja para ir até o bar da esquina.

    Dessa noite nada peculiar nasceram relacionamentos, amizades e novas histórias. Saíram ideias que já foram realizadas e projetos que sequer estão no papel, mas já fazem tudo isso ter valido a pena.

    O amor age pelas mesmas linhas. Para se apaixonar, dizem, basta uma troca de olhares (ou um olhar não correspondido). Isso acontece e pronto: já estamos imaginando o pedido de casamento, a briga para decidir o nome da primeira criança e as discussões sobre a posse do controle remoto (que, vale dizer, nunca esteve comigo em todos os relacionamentos que já participei). Ao invés de arriscar e tentar mergulhar na possibilidade desse amor, deixa a oportunidade passar. É como ver a vaga de emprego dos seus sonhos e, ao invés de arrumar seu currículo e se preparar para a entrevista, imaginar quais os itens que irão decorar sua mesa.

    Spoiler: enquanto você sonha com tudo aquilo que quer, outra pessoa corre atrás e consegue. É clichê, mas é verdade. Sonhar é importante, fazer é fundamental. Se ficássemos o tempo inteiro de braços cruzados, passaríamos o resto da vida em nossos quartos, dentro de um universo que nunca irá se concretizar. E, por mais que seja uma delícia se perder na imaginação, não existe prazer maior do que conquistar aquilo que você tanto deseja.

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