Gente que se trabalha deposita menos expectativa nos outros porque sabe que a ela só cabe mudar a si mesmo; bate menos cabeça por ter mais jogo de cintura, porque se observa e aprende com seus próprios tropeços; é também menos imediatista, sabe escutar e dar o tempo necessário para que as coisas se desenvolvam e assim consegue construir relações mais parceiras, verdadeiras e menos incoerentes e dependentes.
Talvez o piti ciumento do mês passado nunca tivesse acontecido e, ao invés de choramingar por meses depois do último fora, você tivesse apenas reavaliado tudo por algumas semanas, ou, quem sabe, nem tivesse se envolvido porque já saberia que iria rolar pelo já conhecido morro abaixo.
Admito que haja certo glamour a la mexicana nisso tudo de “me perco em seus lençóis e choro meus desenganos”, mas acredito que amor bom tem um foco totalmente óbvio e simples: ser bom! E, para chegar lá, muito pode ser aprendido, sim! Questione suas próprias verdades, mesmo aquelas que parecem incontestáveis. Tudo que lhe faz repensar e avaliar é bem-vindo: métodos para amar fora da caixa, novas e velhas teorias, modos de levar a vida…
Tenha como professores: a vida, namorado(a), exs, ficantes e amigos. E, como material de apoio, experimente: filósofos, estudiosos em geral, poetas, crônicas sobre a vida e até o Kama Sutra.
É engraçado, se não triste, que em um mundo que valoriza tanto MBAs e títulos renomados, quando se trata de amor, a graduação ainda é medida por meio da fórmula: nº de vezes que assistiu Como se fosse à primeira vez + leitura da coletânea Cinquenta tons de cinza. “Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos”, diz o escritor uruguaio Eduardo Galeano.
Pessoas que se desenvolvem sentimentalmente tendem a buscar por pessoas nessa mesma vibe. Podem, às vezes, parar para um pitstop em relações mais superficiais, porém, na prática, não há sentido para nenhuma das partes estarem junta. A pessoa que não compartilha dessa filosofia vai começar a achar o pensador um mala, incompreensível e até intimidador; enquanto a que encara a vida como um estudo em desenvolvimento quer ter parceiros a seu lado que a auxiliem nessa fantástica tese.
Chegar a insights conjuntos é mais que afrodisíaco. Acredito que muito do segredo de boas relações mora ai; afinal, quer algo mais delicioso do que duas pessoas que, juntas, constroem pensamento, concretizam ideias e trilham novos caminhos?
Encontrar alguém para partilhar a vida pode dar trabalho e levar tempo, mas essas pessoas sabem aproveitar essa deliciosa viagem e tudo mais que há por vir.