• “Sexo Com Álcool É Muito Mais Intenso” –  Você Também Acredita Nisso?
  • “Sexo Com Álcool É Muito Mais Intenso” –


    Você Também Acredita Nisso?


    Hoje eu decidi não beber. E antes que você pense que isso é um discurso do AA, explico: hoje eu decidi ir pra casa dela, tocar a campainha e dar “boa noite” sem bafo de álcool. Não só o sem o cheiro de bebida, mas sem nada que pudesse mudar minha percepção de qualquer coisa, meus pensamentos, impulsos e vontades. Hoje eu decidi estar sóbrio para saber, de verdade, o que acontece entre a gente, qual é a nossa verdadeira química, o que é que rola quando a porta se fecha e as luzes se apagam. Falando assim parece que eu vivia caindo pelas tabelas, completamente bêbado e aparecia como se fosse o último lugar onde eu pudesse ir. Não, não era e nunca foi assim. Mas confesso que fui, durante muito tempo, refém daquela crença de que “sexo bêbado é muito mais intenso” e nunca me deixei provar o contrário… até hoje.

    Hoje eu percebi que ela sorri antes de me beijar. Todas as vezes, infalivelmente, ela me dá um sorriso tímido e contido antes de colar a boca na minha. Também percebi que ela segura meu pescoço e sobe com os dedos para dentro do meu cabelo, na minha nuca e se arrepia quando eu faço o mesmo. Percebi que ela tem uma pintinha sexy atrás da orelha e que os cabelos que nascem ali são mais loiros do que o resto. Senti com muito mais intensidade o perfume que ela usa e me dei conta de como tem a pele macia, coisas que nunca me chamaram a atenção quando eu chegava pensando de maneira confusa, respirando afobado e com os sentidos embaralhados.

    Hoje transamos como se fosse a primeira vez, como se tivéssemos nos conhecido meia hora atrás. Eu descobri segredos sobre ela que em nenhuma outra vez me pareceram tão claros. Os sons que ela faz, os gestos, a maneira como se movimenta, do que gosta, como sorri quando está gostando, a maneira como muda velocidades, como fica maluca com o próprio cabelo e como gosta de me abraçar quando está perto de gozar. Hoje percebi como é forte, na verdade. Por vezes quase perdi o ar, tamanha era a força com a qual ela me prendia, para depois amolecer por completo e sorrir, cheia de dentes, com os cabelos bagunçados colados na testa, me lançando um olhar até então inédito.

    E foi tudo calmo e intenso, sem pressa, sem cobrança, sem preocupações. Pela primeira vez me dei o direito de não acelerar, de não querer imitar filmes pornôs utópicos, nem bancar o rei do sexo selvagem. Descobri posições onde não é necessário se movimentar quase nada e se é tomado por um prazer quase mortal. Descobri o prazer de beijar de verdade, com saliva e desejo, enquanto se transa lentamente. Aprendi que beber para me sentir desinibido e ousado é desnecessário quando química e cumplicidade conseguem provocar os mesmos comportamentos. Hoje eu tinha tato, olfato, paladar, visão e audição num nível de precisão que até então eu não conhecia. Me arrepiei, suei, senti frio, senti dor, senti prazer, senti coisas que não têm nome, nem cor, mas que fizeram toda a diferença.

    Hoje eu não bebi, e amanhã eu vou lembrar de exatamente tudo o que a gente fez. Sorte a minha.


    " Todos os nossos conteúdos do site Casal Sem Vergonha são protegidos por copyright, o que significa que nenhum texto pode ser usado sem a permissão expressa dos criadores do site, mesmo citando a fonte. "