• Faça Amor, Não Faça A Barba
  • Faça Amor, Não Faça A Barba


    Nove entre dez mulheres me contam diariamente nas redes sociais que é dos barbudos que elas gostam mais. Ao redor do mundo, um bando de (duvidosas) pesquisas induzem ao pensamento de que os pelos são o crachá de sex appeal que todo homem gostaria de ter. Afinal de contas, o que uma barba tem de tão especial que a torne mais importante do que o homem que a use?

    Arrisquei perguntar às mulheres que me rodeiam sobre o efeito da barba na vida delas. Resposta: elas não sabem, mas acham sexy. Hashtag faça-amor-não-faça-barba. Talvez seja aquela máxima de que a barba torna o homem mais gutural, mais primitivo e mais macho-com-ar-de-quem-nasceu-pra-realizar-todos-os-seus desejos. Um objeto decorativo que combina charme e estilo, além de um quê de me-joga-na-parede-e-me-faz-suar. O mais interessante é que consideram que qualquer sujeito, ainda que não seja um Brad Pitt da vida, fica mais boa-pinta com uma boa relva.

    O atrito da barba pode ser útil pra provocar sensações na pele delas. Dessas que se desfazem em gemidos pelo pescoço. Serve pra provocar uma pulsação ritmada e o arrepio leve independente da barba feita, malfeita ou desfeita.  Também serve de conforto pra mulherada repousar a mão e acariciar – ainda que a analogia óbvia do momento seria o carinho que ela faz num cachorrinho. E mal sabem elas como relaxa a gente um afago no queixo barbado. Barba é acompanhamento pra autoestima do homem. Depois de tantos bons elogios, usar barba é elevar a imagem por alguns andares. Só que a coisa vai além da estética e parece povoar o imaginário feminino com referências que precisam ser alcançadas, caso contrário, a frustração é certa. Ou você acha que Amarante e Camelo são homens-barba-pra-serem-olhados?

    Tá aí um problema nisso tudo: a expectativa que elas têm. Meio que indica maturidade, meio que parece que a gente tem alguma coisa de especial quando pode ter nada. Eis o problema em confundir a barba com o barbudo. Nessas horas bate uma vontade de dizer pra aquelas pesquisas todas que são feitas todos os anos que elas desconsideram personalidade e consideram apenas o símbolo sexual isolado. Barba sozinha seria nojenta, tipo os pelos que ficam no sabonete ou largados perto do ralo e que elas tanto reclamam. Pode ter um revés azarento também: vai que a guria tem alergia ao roçar dos seus pelos no pescoço dela? Daí danou-se.

    Mas ainda assim, barba é o que elas querem. E aos amigos-de-queixo-careca, eu deixo as minhas condolências. Mesmo que uma boa pele de bebê possa revelar um rosto mais bonito, menos marcado, mais iluminado e blá, blá, blá, a gente acha que tá na frente da disputa. A gente, sim – me incluo no time dos barbados de plantão. Que me permitam o erro burro da generalização, mas é quase um fato comprovado que toda mulher adoraria ter um barbudo pra chamar de seu (e rezemos pra que elas queiram conhecer além da barba também). E a gente se aproveita dessa onda misteriosa pela busca da barba perfeita e faz a festa. Deixa até de se achar sujo e “parecido com um mendigo”, como diriam nossas mães – e parece que não consideram a opinião das mães nessas pesquisas sobre barba. Sorte a nossa.


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