• Camisinha: O Mal É Necessário,  E a Escolha É Sua
  • Camisinha: O Mal É Necessário,


    E a Escolha É Sua


    Sei de algumas coisas nessa vida. Poucas, mas dignas. Sei andar de bicicleta, sei cozinhar bolinho de mandioca com carne seca, sei encostar a língua no nariz. Sei manipular as palavras, sei trocar lâmpada, sei fazer um bom boquete. Sei tocar violão, sei as cinco lições da psicanálise, sei diferenciar amarelo de verde-limão. Sei até acordar sem despertador. Algumas dessas habilidades a gente aprende no amor, outras na dor. E outras já deveriam vir como item obrigatório de fábrica em todo ser humano: aquelas que são regidas pelo bom-senso.

    Usar camisinha é uma delas. E se você acha que por aí vem bronca de mãe, talvez você esteja certo. Mas antes de virar as costas ou fechar a aba do navegador, me escute só por um minuto. Que usar camisinha em transas casuais é essencial você está careca de saber – ouviu na escola, no rádio, na TV, nas conversas familiares, leu na Capricho. O que você talvez não saiba é que , a cada vez que você contraria o bom-senso e levanta uma ode ao “usar camisinha é como comer bala com papel”, um panda morre de descrença na humanidade. Ou uma criança não planejada nasce. Ou – na pior das hipóteses – um ser humano morre de HIV.

    Vocês estão lá. Cabeça lá, corpo lá, alma lá. Desejo pulsando, peles suando, bocas pedindo mais. Calcinha e cueca no chão, vergonha também – como mandam as regras. Tudo de pé, tudo molhado, tudo desnudo, quando vem a proposta mais indecente que um homem pode fazer a uma mulher:

    – Posso colocar? Prometo que é só a cabecinha, vai…

    Não, amigo. Não pode. E, não, amigo. Você não fez isso. Proponha um anal, um ménage, um fist fuck, um golden shower. Mas não proponha penetrar sem camisinha. Sugerir uma coisa dessas é, no mínimo, de uma ingenuidade nada condizente com a sua ~maturidade~ sexual. Em primeiro lugar, porque nunca conheci pau com ombro – se a cabeça entra, todo o resto entra junto. E em segundo, porém não menos importante, gozar fora não é garantia de nada. Para entender melhor, convém voltar um pouquinho no tempo. Dois mil e bolinha, aula de biologia, sétima série, apostila verde com o leãozinho na capa, capítulo sobre o sistema reprodutor. Durante a penetração, o homem libera um fluido que contém espermatozoides e micro-organismos responsáveis por doenças sexualmente transmissíveis.

    Por isso, eu digo com orgulho: como bala com papel, sim, e daí? Com papel e com prazer – literalmente. Talvez eu não prove a mesma doçura que você. Talvez as notas cítricas me passem despercebidas. Talvez a textura que eu sinto não seja tão atraente quanto a que você sente. Talvez eu demore mais para dissolvê-la. Mas ainda assim, prefiro o mal necessário ao gosto do azedo. Além do quê, sabe como chama aquele que sai transando por aí sem camisinha? Sortudo, papai ou… HIV positivo.


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