• Só Mais Cinco Minutinhos –  Uma Homenagem à Ereção Matinal
  • Só Mais Cinco Minutinhos –


    Uma Homenagem à Ereção Matinal


    Tenho sono leve, mas despertador sucks. Despertador sempre sucks. Consegui a proeza de odiar umas cinco músicas que já foram as minhas favoritas só porque um dia tive a pouco brilhante ideia de colocá-las como alarme para acordar, achando, ingenuamente, que levantar de sob os cobertores às 6h30 no inverno seria um processo menos doloroso caso Stevie Wonder me cantasse “Yester-Me, Yester-You, Yesterday” ao pé do ouvido. Ledo engano: tudo o que consegui foi criar uma associação permanente entre boas músicas e desprazer e eliminá-las pra sempre da playlist da minha vida. Até que um belo dia, lá pelos idos dos meus dezoito anos, descobri um despertador silencioso, tátil e pouco convencional: um belíssimo dum pau duro. Eis que fui fisgada: amor à primeira encoxada.

    Deus salve a ereção matinal. E que se foda a América se a minha cama estiver intacta e com um belo espécime do sexo masculino de pau duro logo às sete da manhã. Porque nada, absolutamente nada nesse mundo é mais nobre e bonito do que o saudoso morning wood. É a criação divina se manifestando dentro de toda e cada cuequinha, seja ela boxer ou samba-canção, branca ou preta, Zorba ou Calvin Klein. É um sopro feroz de vida mostrando toda a energia potencial que aquele corpo preguiçoso tem para matar até três leões por dia se for preciso. É um paradoxo danado de gostoso ver aquele homem manhoso pedindo mais cinco minutinhos de sono enquanto parte dele dá sinais vitalíssimos.

    Se eu tivesse um pau, ansiaria todas as noites pela hora de acordar. Sozinho, acompanhado, whatever. E me resolveria todas as manhãs, ou num solitário cinco contra um, ou num sexo matinal de fazer suar as janelas do quarto e acordar a cidade. Mas como não tenho, aceito de bom grado uma encoxada do bonitinho que dormir comigo depois de uma noite de sexo. Assim, suave, emendada na romântica conchinha, mas com toda a sacanagem que os meus lençóis vermelhos inspirarem. Poucos prazeres na vida se igualam a acordar com uma encoxada no capricho. Talvez comer um prato de arroz e feijão com farinha e pimenta e tomar uma jarra de suco de cupuaçu. Mas só talvez. Porque se a pressão for na medida certa, ah, não há prato feito que desbanque.

    Dizem por aí que ereção matinal é sinônimo de saúde e de qualidade de sono. Por isso é que não me incomodo em perder as batalhas de conquista territorial sob os lençóis. Não tem crise se ele invadir o meu espaço na cama. Tampouco se ele roubar todo o cobertor no meio da noite. Abro mão de quase tudo por um sono mais confortável pra ele. Afinal, o pau nosso de cada dia nos dai hoje, mas livrai-nos da falta de ereção matinal. Amém.


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