• Talvez Você Não Saiba, Mas Seu  Relacionamento Já Pode Ter Chegado ao Fim
  • Talvez Você Não Saiba, Mas Seu


    Relacionamento Já Pode Ter Chegado ao Fim


    Tem certas coisas na vida que nós simplesmente ignoramos. Ou tentamos ignorar. A gente finge que não está sem grana quando surge aquela festa alucinante, ou faz de conta que não está tão tarde, que acordar no dia seguinte vai ser tranquilo, e seguimos na internet até de madrugada. Somos muito bons em criar mentiras convincentes para nós mesmos, em acreditar cegamente nelas e em seguir a vida numa ilusão que cega, deixa surdo e pinta tudo que está ruim de cor-de-rosa e faz os problemas desaparecerem. Mas eles não desaparecem.

    Existem relacionamentos que funcionam à base dessas ilusões. Os dois não percebem, mas curtem mais ouvir o horário político presos no trânsito voltando do trabalho do que estar em casa, na companhia um do outro, falando sobre amenidades. Eles também não percebem que falar sobre amenidades, sobre problemas, sobre a novela ou simplesmente comentar sobre o clima já é muito mais do que o que existe, afinal, eles não conversam nunca. E quando falam, o  volume vai subindo, a conversa vira ofensa e, de repente, estão brigando. Mas mentem para si mesmos dizendo que é só uma fase, que brigar antes de sair de casa e de noite, quando voltam, é coisa normal, que falta acertar algumas coisas, “mas o relacionamento está indo bem”. Brigam porque o volume da televisão está muito alto, porque um mexeu no espelho retrovisor do carro do outro, porque demora demais para se arrumar, porque faz muito barulho quando mastiga – por tudo, basicamente. Mas ninguém percebe – ou eles fingem não perceber – o quão destrutivo é tudo isso. Todo casal discute, e isso é saudável, mas quando o único diálogo entre os dois é a discussão, é bom ficar alerta.

    Depois vão para a cama e ali parece que a vida se ajeita. Ela ainda é atraente, ele ainda tem um cheiro bom, os dois ainda se encaixam de conchinha antes de pegarem no sono e dá vontade de fazer alguma coisa. Mas não acontece nada. Um sempre pensa que o outro não quer, então também perde a vontade e vai dormir. Ninguém toma a iniciativa, ninguém quer dar o braço a torcer e, com o tempo, a vontade acaba de vez, vira um eterno marasmo. Mas eles ainda dormem na mesma cama, ainda se acham bonitos e isso basta. Basta?

    Nem sempre. Porque em casa ninguém conversa, ninguém se beija, ninguém troca carinhos e, principalmente, ninguém transa. Mas no trabalho o clima é outro, e os dois começam a pensar em com quantas pessoas dali poderiam sair se fossem solteiros. Começa com pensamentos hipotéticos, meras suposições que depois viram curiosidade e evoluem para vontade. E quando menos se espera, os dois estão loucos para trair, para experimentar o mundo lá fora, mas não fazem nada. E só porque não concretizam o ato, sentem que não há nada de errado, que “foi só uma ideia passageira”, e voltam para casa com o pensamento bem fixo na cabeça.

    Vez ou outra, quando um milagre acontece, fazem sexo e sentem a conexão forte e valiosa que os fez ficar juntos, mas logo depois isso se apaga, porque uma transa por mês no meio de uma vida cheia de negatividade e marasmos não vai mudar muita coisa. Mas eles acreditam que tudo bem, “a gente ainda transa, então estamos ok”, e o tempo vai passando, com os dias todos ruins, mas coloridos artificialmente, e a vida vai embora nessa mentira coletiva. A verdade é que esses dois não perceberam, mas o relacionamento deles já acabou há muito tempo. E quando chega nesse ponto, não há santo nem mandinga que salve – a cura está num simples ponto final.


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