• Os Poderes  da Arte de Rir do Outro – E De Si Mesmo
  • Os Poderes


    da Arte de Rir do Outro – E De Si Mesmo


    Algumas pessoas, quando entram numa relação amorosa, levam ao pé da letra certas recomendações maternas que dizem para tratar o a vida a dois com seriedade. O problema é que muitos a levam de um jeito tão pesado, que perdem toda a espontaneidade. Praticamente pregam na parede da casa os dez mandamentos e contabilizam cada problema amoroso na tabela do Excel.

    Com o tempo se queixam que a vida de casal é pesada, sem graça e entediante ou que a rotina massacra, faz perder a paixão e a admiração. Conviver com um general mau humorado e chato é difícil pois cada ação tem que ser meticulosamente pensada como se fosse decisiva. Pessoas que se levam muito à sério e não conseguem rir de si mesmas, podem fazer o relacionamento algo insuportável.

    Não sou muito habilidoso no volante, diria que bem ruim pois me perco pra caramba, e decidi que não posso arrancar meus cabelos a cada manobra enganosa que faço. Aprendi a rir disso e sem constrangimento me expor à brincadeiras à esse respeito, minha esposa se diverte e leva na esportiva. Mas no passado já ouvi de ex que não poderia confiar numa pessoa que se perde no trânsito. Como assim?

    Não sou partidário de bullying conjugal, mas uma dose de riso e humor já se comprovou ser benéfico entre duas pessoas que passam muito tempo juntas. Você já experimentou brincar com suas dificuldades? Já tentou ensaiar novas posturas, abrir espaços lúdicos em que as frustrações possam ser faladas sem o peso do “ferro e fogo”? Aposto que já falou mal dos seus pais para o parceiro e quando ele foi acompanhar a brincadeira você se ofendeu. Teria sido melhor  entrar na dança e tirar sarro, afinal toda família (inclusive a sua) tem maluquice. Lembro de estar uma vez num show de stand-up comedy e ficar muito constrangido por um casal que estava na primeira fila ao meu lado com uma fisionomia de velório. Ao vê-los calados como uma catacumba, imaginei aquele clima tenso entre os dois a cada palavra mal posta ou pum fora de hora.

    Na maior parte das vezes não é a falta de amor que corrói uma relação, mas a rigidez, a inflexibilidade e a falta de senso de humor. Quem é alvo de riso não perde o respeito se encara tudo com abertura para tirar o peso de estar sempre no controle.

    Quando se trata de gênero, tive que dar o braço a torcer quando numa conversa com o autor de novelas Silvio de Abreu ele próprio confessou que as mulheres de forma geral se levam mais a sério, porque associam respeito com sisudez. Segundo ele, a maior quantidade de emails indignados é de maioria feminina enquanto os homens têm o hábito de tirar sarro entre si e costumam fazer chacota de si mesmos.

    Quantas vezes orientei os pacientes homens a se imaginarem sendo outros personagens quando estão com suas parceiras para provocarem reações inesperadas. Um canal de comunicação que estava fechado se abre magicamente pelo humor. A primeira coisa que noto num casal com problemas é sua dificuldade em rirem juntos. Tirar o palhaço de dentro de si é uma habilidade que poucos tem nesse mundo que a ética parece que está separada da alegria. Para ser respeitoso não é preciso esconder os dentes e franzir a testa.

    Aliás, o sexo brincado é ainda melhor do que aquela coisa religiosa, silenciosa e atravancada de muitos casais. Mal se fala de pinto e buceta sem desconforto. São pessoas que se conhecem intimamente e tratam o sexo ruim como se fosse um tabu e uma broxada sem riso. Porque ser tão matemático na hora de gozar?

    Entre quatro paredes e fora dela, vale bancar o bobo da corte e tirar sarro do rei orgulhoso dentro de você. Afinal, para ser feliz com a pessoa amada, há um pré-requisito essencial: não morrer de velhice precoce.


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