• Deixe que Ela Seja Bege
  • Deixe que Ela Seja Bege


    Aí, eu broxei”. Foi assim que terminou o relato do amigo que tinha começado a namorar há duas semanas com uma modelo russa espetacular. A garota tinha tudo o que há de bom nesse planeta incorporado no corpo bem delineado, nos cabelos loiros e num sotaque incrível. O mais interessante deste relato foi saber que o motivo pelo qual o amigo havia broxado revelava uma situação. Ele sofria do problema clássico que aflige 99% da população masculina: a famosa calcinha bege.

    Não sei se o que me surpreendeu nessa história toda foi o fato de que ele ignorou o mulherão por trás da tão temida lingerie ou o fato de que a maioria dos homens ainda sustenta esse mito da broxada homérica com a cor bege. Tudo bem que a gente sabe que o bege é aquela cor meio morta que foi feita para o dia a dia da mulher e tudo mais, além de fazer lembrar a avó (e o resto da história vocês conhecem bem). Sei que você não queria ouvir isso, mas a sua avó já foi sexy pra alguém. E, num tempo em que era bem comum o uso do bege, ela deve ter feito sucesso de qualquer maneira com as calçolas.

    Voltando ao assunto, ainda me admira que tantos homens (e mulheres) liguem realmente para o que é visto por fora e não para o complemento. Como diria minha mãe (com toda a razão): você vai perder um baita dum recheio só porque o bolo não parece tão sedutor assim por fora? Agora imagine quantos homens não perderam uma boa oportunidade por ignorarem o conteúdo. Isso tudo porque alguém disse que uma cor de calcinha era broxante e todo mundo acreditou. Ignorar a tal calcinha bege deveria ser o mandamento número 1 do manual do homem contemporâneo. Minto. Admirar a calcinha bege é que deveria ser o mandamento. Sabe por quê?

    A calcinha bege sugere uma naturalidade absurda que só pode ser trocada pela nudez em si. Ela denuncia uma segunda pele que não entrega de primeira a mulher por dentro dela. É como se você encarasse o sexo desde os seus primórdios, quando ainda não existiam colorações refinadas ou calcinhas de rosa pink e essas variações estranhas todas. O homem que rejeita uma mulher de bege, também rejeita uma mulher de moletom surrado, de cabelos despenteados, de meias coloridas. Um homem que rejeita a sedução discreta do bege é um homem que não sabe explorar a sensualidade da mulher que tem. Ele prefere a entrega imediata da renda preta ou vermelha, prefere a delicadeza da cor rosa e parece se importar mais com o aspecto visual da roupa da moça do que com ela mesma. Por que esse meu amigo não prestou atenção ao sinal discreto que a namorada exibia no interior da coxa? É um charme sem igual. Por que ele não reparou nos pelos arrepiados dela antes de tirar a roupa? É um baita sinal de entrega. Se não fosse machista, eu até desconfiaria desses 99% que se dizem tão incomodados com isso.

    Deixe que ela seja bege e que te surpreenda com o que tem a oferecer, ao invés de te preocupar tanto com a cor do que ela usa. Ou então, comece a reparar mais nos tais cortes de cabelo e nas mudanças de visual que ela faz. Pelo menos isso justificaria a preocupação masculina exagerada pelas cores. Deixe que ela vista a sua segunda pele e parece nua. E descubra que não há nada mais sensual do que pele, suor, a sua admiração por ela e o trabalho das suas mãos e boca enquanto o tal pedaço de pano é esquecido no chão. Vá ao que realmente importa: ela. Deixe que ela seja bege e mostre que a naturalidade de uma tarde comum pode render um dos melhores sexos da sua vida. Deixe de broxar com o bege e descubra nele uma nova forma de sensualidade. Que me perdoem os mais céticos, mas não há pau que resista ao recheio, independente da cor da embalagem.


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