• Dicas Infalíveis de Como Arruinar Um Encontro
  • Dicas Infalíveis de Como Arruinar Um Encontro


    Foram duas ou três vezes. A menina era bacana, tinha uma bunda bacana, falava bacana, parecia bacana. Restaurante japonês, a moda da cidade. Dois ou três saquês, uma barca inteira de comida e ela continuava falando em quão bom era o trabalho dela e em como era importante que ela atingisse todos os planos de vida até os 30 anos. Diálogo centrado no “eu” dela e de mim mesmo ela só queria ouvidos, palmas e uma companhia. Narcisista demais ou chata demais. Não sei bem definir. Mas enquanto ela só conseguia falar dela, eu pensava na moça da mesa da frente com uns sorrisos bonitos e um cara legal ao lado.

    O cara parecia não estar tão feliz assim. Talvez ela tivesse bafo ou talvez tivesse citado filhos e casamento em menos de meia hora de encontro. Talvez a menina bonita fosse desses tipos só bonitos de loja de departamento que falam, falam e falam apenas sobre o universo de cosméticos e revistas de moda do departamento. Talvez ela fosse clichê. Igual a mulher que estava comigo: bacana pra tudo, bacana demais. E daí me veio a ideia de que nossos primeiros encontros tinham virado um fracasso de bilheteria anunciado na nossa cara. Nem cartaz famoso salvaria aqueles encontros do naufrágio.

    O problema dos encontros mal sucedidos é que a gente espera sempre espontaneidade. E, na conquista, vale lembrar que a maioria pensa em agradar. Mesmo que isso signifique suprimir quem a pessoa é e encarar uma realidade paralela onde a sedução vale mais que a sincronia. Primeiros encontros são a prova de fogo de todo pré-casal. É o vestibular de medicina pra quem procura companhia. Se não passar, raramente outra chance vai fazer mudar aquela ideia de que a pessoa não é uma mala sem alça ou um egocêntrico de primeira ou um psicopata medonho que sonha em ter dois filhos por segundo. É o nosso jogo de vale tudo sem luta – mas se houver sexo, fica tudo mais interessante.

    Não parece tão difícil assim sentar numa mesa ou em algum outro lugar por algumas horas e bater um papo com um semi-conhecido. Mas arruinar a impressão é mais fácil do que parece. E mulher tem um quê de sutileza a mais que nós homens não temos. Mesmo assim, a gente corre de algumas como o diabo foge da cruz por situações como essas descritas acima. Tem algumas que confundem espontaneidade com talk show sobre a sua vida pessoal e acabam por falar tanto do ex que a gente vira amigo no segundo drink. Brochante. Tirando que conhecer a autobiografia da pessoa é meio frustrante. Limita a nossa imaginação e tira o gosto da novidade. A gente acha que já viu de tudo e talvez o de tudo nem interesse tanto assim. E tem o elemento natural que é quando o beijo não casa porque ela baba demais ou a sua mão escorrega rápido demais para a saia dela resultando num tapinha que faz um barulhão. A química sexual ainda está lá e ainda tem uma baita de uma responsabilidade na hora de dizer o resultado do jogo.

    Pedi a conta e o cara da mesa da frente já tinha saído. Acho que o naufrágio dele foi mais rápido do que o Titanic. E a louca destrambelhada na minha frente não parava de falar um só segundo sobre ela. Pedi a conta, dei um beijo na bochecha que é aquele sinal bem torto de que as coisas não foram bem e aprendi uma grande lição sobre encontros mal sucedidos: escolha sempre um ótimo jantar. Se nada der certo, pelo menos o seu lado afetivo-gastronômico se sentirá extremamente feliz.


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